O presidente da Argentina, Alberto Fernández, deu posse a cinco novos ministros do seu gabinete na segunda-feira (20), em cerimônia na Casa Rosada. O relançamento do governo é uma tentativa de sair da crise interna em sua coalizão peronista antes das eleições legislativas de novembro.
Fernández cedeu à pressão de sua vice, Cristina Kirchner, e atendeu a todas as suas exigências de renovação na equipe, que tinham o objetivo de melhorar o desempenho da coalizão nas próximas eleições. A principal substituição foi a de seu chefe de gabinete e braço direito, Santiago Cafiero, pelo até então governador de Tucumán, Juan Manzur. Juan Pablo Biondi, porta-voz do presidente argentino, também foi demitido.
Cafiero assumiu o Ministério das Relações Exteriores, substituindo Felipe Solá. Também tomaram posse os novos ministros da Agricultura, Julián Domínguez; da Segurança, Aníbal Fernández; da Educação, Jaime Perczyk; e da Ciência e Tecnologia, Daniel Filmus.
Já o ministro do Interior, Eduardo Wado de Pedro, aliado de Kirchner, manteve o seu cargo. Duas pastas importantes no contexto da crise econômica também não tiveram modificações: o ministro da Economia, Martín Guzmán, permanece no cargo, com a missão de negociar a dívida de US$ 44 milhões com o Fundo Monetário Internacional (FMI), contraída no governo de Mauricio Macri; e o ministro da Produção, Matías Kulfas, continua titular da pasta responsável pelo comércio interior e controle de preços.
A crise teve início após a derrota da coalizão Frente de Todos nas eleições primárias em 12 de setembro, quando a coligação teve apenas 31% dos votos do total nacional, perdendo em 18 dos 24 distritos do país. Em seguida, vários ministros do governo aliados de Kirchner pediram demissão, enquanto a vice escreveu em carta a Fernández o culpando publicamente por equívocos na política econômica do governo e dizendo que já havia alertado diversas vezes para a possibilidade de derrota eleitoral.
O novo gabinete é composto por figuras do peronismo tradicional, que já ocuparam cargos durante a presidência de Néstor Kirchner, entre 2003 e 2007.
Na cerimônia de posse, Fernández se distanciou da crise da última semana. "Não vão me ver preso a disputas desnecessárias, em disputas internas", afirmou.