Tóquio O bloco conservador do primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, sofreu uma derrota devastadora nas eleições para o Senado ontem, mas o premier de 52 anos disse que pretende continuar no cargo.
"Estou determinado a cumprir minhas promessas, apesar de a situação ser grave", declarou um abatido Abe, depois de admitir ser responsável pela grande derrota. "Precisamos restaurar a confiança da população no país e no governo."
Irritados com uma série de escândalos do governo e problemas com arquivos da Previdência, os eleitores acabaram com a maioria da coalizão de Abe no Senado. Foi o primeiro teste eleitoral desde que ele assumiu a posição, há dez meses.
A coalizão de Abe não será retirada do governo com a perda no Senado, já que tem grande maioria na Câmara dos Deputados, mais poderosa e responsável por eleger premiers.
Mas, com a importante legenda de oposição, o Partido Democrático do Japão (PDJ), a caminho de se tornar a maior no Senado, será mais difícil aprovar leis, o que pode gerar impasse político. "Temos que debater temas com o Partido Democrático no Senado e ouvi-los quando for necessário", disse Abe.
A rede pública NHK disse que as pesquisas indicam que o Partido Liberal Democrático (PLD), de Abe, e seu parceiro Novo Komeito terão entre 39 e 55 assentos bem abaixo dos 64 necessários para manter sua maioria no Senado, onde metade das 242 vagas seriam renovadas.
O dirigente do PDJ Naoto Kan disse a jornalistas que "a nação falou muito claramente. Naturalmente, temos a Câmara na mira e nosso objetivo final é a mudança de governo", acrescentou. O partido, considerado tão conservador quanto o PLD, venceu com uma plataforma de reformas audaciosas, entre elas a de que o Japão tenha um papel maior em operações militares internacionais de manutenção da paz no âmbito da ONU.