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O presidente da França, Emmanuel Macron, criticou neste domingo (27) as declarações de Joe Biden acerca do presidente russo, Vladimir Putin. Em viagem ao leste europeu, no sábado (26) o líder norte-americano classificou Putin como um “carniceiro” e afirmou que “este homem não pode permanecer no poder”. Macron disse à emissora de televisão France 3 que "tudo" deve ser feito para evitar uma escalada no conflito e que, portanto, a via diplomática é a mais indicada.
"Eu não usaria essas palavras", disse o chefe de Estado francês. "Continuo conversando com o presidente Putin, porque o que queremos fazer coletivamente? Queremos parar a guerra que a Rússia lançou, sem fazer guerra e sem escalada", ressaltou Macron, que também é candidato à reeleição em abril.
Para o francês, é fundamental não cair nessa escalada, "nem em ação nem em palavras”. Ele defendeu os meios diplomáticos para alcançar um cessar-fogo e a retirada das tropas russas da Ucrânia. "Geograficamente, quem enfrenta a Rússia somos os europeus. Os Estados Unidos são um aliado no quadro da OTAN com o qual compartilhamos muitos valores, mas quem convive com a Rússia somos os europeus", lembrou.
O presidente da França, que desde o início da guerra mantém contato telefônico regular com Putin e com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, afirmou que voltará a falar na segunda (28) ou terça-feira (29) com o líder russo para organizar "nas melhores condições " uma operação de evacuação de Mariupol, cidade situada no sul da Ucrânia.
Declarações de Biden
O secretário de Estado americano, Antony Blinken, esclareceu neste domingo, durante visita a Israel, que os Estados Unidos "não têm como estratégia a mudança de regime na Rússia", após as declarações do presidente Joe Biden de que seu homólogo Vladimir Putin "não pode permanecer no poder".
"Acho que o presidente apontou ontem à noite que Putin simplesmente não pode ter poderes para fazer guerra ou se envolver em agressão contra a Ucrânia ou qualquer outro", disse Blinken, durante uma entrevista coletiva em Jerusalém, ao lado de seu homólogo israelense, Yair Lapid.
Na tarde do sábado, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, encerrou sua viagem à Europa com um discurso para centenas de pessoas no Palácio Real de Varsóvia, na Polônia. A ocasião foi a primeira em que Washington pediu uma mudança de governo na Rússia devido à guerra na Ucrânia. "Pelo amor de Deus, este homem não pode permanecer no poder", disse Biden.
Ele também definiu a guerra como um "fracasso estratégico para a Rússia" e ressaltou seu compromisso “sagrado” com a defesa de “cada centímetro” do território da OTAN. "Nem pense em mover-se um centímetro dentro do território da OTAN", alertou o norte-americano.
Mais cedo, Biden havia visitado o Estádio Nacional de Varsóvia, convertido em um centro de refugiados para acolher algumas das mais de 2,17 milhões de pessoas que fugiram da Ucrânia para a Polônia desde o início da guerra. Questionado pela imprensa sobre sua reação ao ver o sofrimento dos refugiados, Biden respondeu que Vladimir Putin "é um carniceiro".
O Kremlin respondeu que os insultos do presidente dos Estados Unidos reduzem a possibilidade de melhorar as relações entre Washington e Moscou. "Um líder deve permanecer calmo", disse o porta-voz russo, Dmitry Peskov, à agência oficial TASS.