O primeiro-ministro britânico, David Cameron, prometeu na sexta-feira novas regras para a imprensa britânica e um inquérito minucioso sobre as falhas da polícia e dos políticos, depois de o seu próprio ex-porta-voz ser preso por envolvimento no escândalo relacionado aos grampos telefônicos feitos por um tabloide.

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Cameron convocou uma entrevista coletiva de emergência na qual rejeitou as insinuações de que teria lhe faltado bom senso ao contratar como porta-voz Andy Coulson, ex-editor do jornal News of the World - que o premiê confirmou estar sob investigação policial.

Depois da revelação de que o tabloide - publicação mais vendida aos domingos no país - espionava personalidades, seu proprietário, Rupert Murdoch, decidiu desativá-lo.

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Na entrevista, Cameron tratou de diluir sua ligação com Murdoch, que apoiou sua eleição em 2009. Segundo o premiê, seus antecessores trabalhistas também adotaram a prática, velha de décadas, de se curvar aos barões da mídia.

O líder conservador disse que, além de acompanhar a investigação policial sobre os grampos, vai criar também uma comissão independente para preparar novas regras para a imprensa.

"Este escândalo não tem a ver só com alguns jornalistas em um jornal", disse Cameron. "Não tem a ver tampouco só com a imprensa. Tem a ver também com a polícia. E, sim, tem a ver também com os políticos e com a forma como a política funciona."

Murdoch, um australiano de 80 anos que domina a mídia britânica, fechou o News of the World numa tática para evitar que o escândalo alimente a oposição política à sua oferta de 22 bilhões de dólares pelo controle do lucrativo grupo de televisão BSkyB.

O governo Cameron já havia dado seu aval informal ao negócio, apesar de temores, especialmente à esquerda, de que isso daria poder excessivo à News Corp., empresa controlada por Murdoch e que opera em Bolsas dos EUA.

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Na entrevista de sexta-feira, Cameron negou ter dado aval à compra da BSkyB, e disse que os "processos legais adequados" vão "levar algum tempo".

As ações da BSkyB, da qual Murdoch já possui 39 por cento, tiveram queda de quase 5 por cento depois de o Ministério da Cultura declarar que levaria em conta a questão do News of the World antes de aprovar o negócio.