No dia em que o presidente do Paraguai, Fernando Lugo, reconheceu legalmente o filho de quase 2 anos que teve quando ainda era bispo, a Igreja Católica pediu perdão pelos "pecados" do chefe de Estado. E no campo político, Lugo ainda viu a oposição voltar a criticá-lo por ter escondido o fato de ser pai.
A Igreja Católica, por meio do Conselho Episcopal Permanente da Conferência Episcopal Paraguaia (CEP), pediu perdão pelos "pecados" de seus membros e que estes orem para que se mantenham "fiéis à missão sacerdotal".
O encarregado de ir nesta terça-feira (14) ao cartório registrar o menino Guillermo Armindo Carrillo como filho de Lugo foi o advogado deste, Marcos Fariña.
O advogado também disse que Lugo pedirá a restituição de parte de seu salário, que havia sido integralmente doado a obras sociais, para pagar a pensão do menino.
O salário do chefe de Estado paraguaio é de 15,98 milhões de guaranis (cerca de R$ 6,8 mil), quantia que, desde a posse, em 15 de agosto de 2008, Lugo entrega ao Instituto Nacional do Indígena (INDI).
Lugo virou bispo em 1994, mas deixou a missão em 2005, quando resolveu entrar na vida política ativamente. O Vaticano deu a suspensão da função para Lugo em janeiro de 2007.
Campo político
"Lugo quebrou seu compromisso eclesial, por um lado, e seu compromisso com o povo, por outro", afirmou o legislador José López Chávez, num dos vários ataques a Lugo proferidos durante a sessão na Câmara dos Deputados.
O deputado, do Partido União Nacional de Cidadãos Éticos (Unace), terceira maior legenda do país, disse que a situação que envolve o presidente não é condizente com "a vida saudável, consagrada a Deus, que vendeu durante sua campanha política".
Por sua vez, Carlos Soler, do nanico Partido Pátria Querida (PPQ), afirmou que o ex-bispo se expôs a um julgamento político, pois, durante a campanha, várias vezes negou a paternidade que seus adversários lhe atribuíam. Além disso, o legislador lamentou o fato de alguns governistas terem classificado como "corajosa" a atitude do governante.
No mesmo sentido se pronunciou o senador do PPQ Miguel Carrizosa. Para ele, Lugo "deveria dizer de uma vez só a quantidade de filhos que tem, para que não haja mais dúvidas a respeito".
Cartório
"O que está sendo feito é o reconhecimento de Guillermo Armindo como filho de Lugo", disse a jornalistas o diretor do cartório onde foi feito o registro, Oscar Víctor Benítez, que explicou que a adição do sobrenome deve ser requerida na Justiça.
Também nesta terça, outro advogado, Ivan Andrés Balbuena, pediu, em nome da mãe de Guillermo, Viviana Carrillo Cañete, que a Justiça desconsiderasse o processo de filiação apresentado na semana passada, supostamente com a assinatura da mulher, na localidade de Encarnación, 370 quilômetros ao sul de Assunção.
"Esclareço à senhora juíza (Evelyn Peralta) que o processo foi apresentado sem minha autorização", já que estava "em conversas extrajudiciais a fim de obter o reconhecimento voluntário", diz o pedido do representante.
A mulher alega que foi surpreendida em sua boa fé quando, em 8 de abril, soube "que os advogados Walter Acosta e Claudio Kostinchok resolveram apresentar" a ação sem seu "expresso conhecimento", destaca o texto.
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