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O ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, e o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, falam no final de uma reunião em Caracas
O ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, e o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, falam no final de uma reunião em Caracas| Foto: EFE/ Miguel Gutiérrez/Arquivo

O presidente da Colômbia, o esquerdista Gustavo Petro, afirmou nesta quarta-feira (31) que existem “sérias dúvidas” sobre as eleições presidenciais do último domingo na Venezuela e pediu ao governo do país vizinho uma apuração “transparente” e que aceite o resultado, “seja qual for”.

“As sérias dúvidas que se estabelecem em torno do processo eleitoral venezuelano podem levar seu povo a uma profunda polarização violenta com graves consequências de divisão permanente de uma nação que soube unir-se muitas vezes na sua história”, escreveu Petro em uma mensagem na rede social X, em sua primeira manifestação sobre as eleições no país caribenho, após ignorar as diversas denúncias de fraude nos últimos dias.

O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela divulgou na noite de domingo seu único boletim até agora e concedeu a vitória ao ditador Nicolás Maduro com 51,2% dos votos, contra 44,2% do opositor Edmundo González Urrutia, um resultado que tem sido questionado pela comunidade internacional.

O Carter Center, que participou como observador nas eleições, afirmou nesta terça-feira que o processo “não estava em conformidade” com os parâmetros e padrões internacionais de integridade eleitoral, razão pela qual “não pode ser considerado democrático”.

“Convido o governo [regime] venezuelano a permitir que as eleições terminem em paz, permitindo um escrutínio transparente com contagem de votos, atas e supervisão por todas as forças políticas do seu país e supervisão internacional profissional”, disse Petro.

Mensagens para Maduro e EUA

“O presidente Maduro tem hoje uma grande responsabilidade de lembrar o espírito de (Hugo) Chávez e permitir que o povo venezuelano retorne à tranquilidade enquanto as eleições terminam com calma e o resultado transparente é aceito, seja qual for”, declarou Petro, que tem uma relação de proximidade com o ditador venezuelano, com cujo governo restabeleceu relações diplomáticas poucas semanas depois de assumir a presidência colombiana, em agosto de 2022.

Petro comentou ainda que, enquanto se realiza uma apuração transparente, é necessário manter a tranquilidade das "forças cidadãs opostas" para "travar a violência que leva à morte", em referência aos protestos contra o resultado divulgado pelo CNE que deixaram pelo menos menos 12 mortos na Venezuela até agora.

“Propomos respeitosamente que se chegue a um acordo entre o governo [regime] e a oposição que permita o máximo respeito pela força que perdeu as eleições. Esse acordo pode ser entregue como uma Declaração Unilateral de Estado ao Conselho de Segurança das Nações Unidas”, sugeriu.

O presidente colombiano também pediu ao governo dos EUA que “suspenda os bloqueios e decisões contra os cidadãos venezuelanos”.

“O bloqueio é uma medida desumana que só traz mais fome e mais violência do que já existe e promove o êxodo em massa de pessoas. A emigração da América Latina para os EUA diminuirá substancialmente se os bloqueios forem levantados”, alegou o esquerdista.

Ao defender a paz e a tranquilidade no país caribenho, Petro afirmou que “tudo o que acontecer na Venezuela afetará a Colômbia e vice-versa”.

Nesse sentido, lembrou que Caracas "tem ajudado a paz da Colômbia” como sede ou garantidor das conversas com os grupos guerrilheiros e por isso seu governo “quer ajudar a promover a paz da Venezuela”.

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