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Lei islâmica

Após levante, Nigéria vai avaliar clérigos com mais cuidado

Mulher observa seu apartamento queimado após ataques de militantes islâmicos na cidade de Maiduguri, na Nigéria | Akintunde Akinleye / Reuters
Mulher observa seu apartamento queimado após ataques de militantes islâmicos na cidade de Maiduguri, na Nigéria (Foto: Akintunde Akinleye / Reuters)

Os líderes religiosos do norte da Nigéria vão examinar os clérigos islâmicos com mais cuidado, a fim de evitar a repetição da violência sectária que matou quase 800 pessoas, informaram autoridades nesta segunda-feira (3).

O governador do Estado de Borno, Ali Modu Sheriff, disse numa reunião de líderes religiosos e tradicionais que o monitoramento frouxo permitiu que o pregador radical Mohammed Yusuf, cuja seita Boko Haram protagonizou uma revolta de cinco dias na semana passada, conquistasse um grupo de adeptos.

"Um conselho será reconstituído a fim de garantir que apenas clérigos qualificados e confiáveis tenham autorização para pregar nas mesquitas e em outros locais", disse Sheriff durante a reunião na capital do Estado, Maiduguri.

"É de se lamentar que a lei existente não tenha sido colocada em prática. Essa frouxidão foi o que permitiu Mohammed Yusuf conduzir esse tipo de sermão e fomentar o problema sem ser advertido."

Na semana passada, os tiroteios duraram dias enquanto as forças de segurança tentavam controlar a insurgência dos membros do Boko Haram, seita militante que quer a imposição da sharia (lei islâmica) de forma mais ampla no país mais populoso da África.

A Cruz Vermelha disse que perto de 800 pessoas foram mortas enquanto as forças de segurança tentavam conter os membros da seita, que atacaram prédios do governo, delegacias de polícia, escolas e igrejas.

Os seguidores do Boko Haram - que significa "A educação ocidental é pecaminosa" no idioma hauçá, falado no norte da Nigéria - rezam em mesquitas separadas e usam longas barbas e turbantes.

Inspirados no movimento Taleban, do Afeganistão, seus pontos de vista não encontram apoio entre a maioria da população muçulmana da Nigéria, a maior da África subsaariana. Tanto muçulmanos como cristãos foram mortos e tiveram danos materiais durante o levante.

"Ninguém apóia o que aconteceu", disse à Reuters o imã-chefe interino do Estado de Borno, Zannah Laisu Imam, acrescentando que líderes islâmicos e acadêmicos comporiam o conselho.

"Qualquer pessoa que queira pregar será entrevistada por eles, para que avaliem o conhecimento dele e saibam como ou o que ele falará durante a pregação," afirmou ele.

O presidente Umaru Yar'Adua disse que as agências de segurança monitoraram Boko Haram por anos. Alguns analistas dizem que o fato de a inteligência aparentemente não ter agido sugere que determinados membros da seita podem ter sido protegidos por suas relações com famílias poderosas da elite do norte da Nigéria.

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