Hassan Rohani, um clérigo xiita com um longo histórico revolucionário, conseguiu surpreender e se transformou no presidente do Irã ao vencer o primeiro turno das eleições realizadas nesta sexta-feira (14), nas quais contou com um forte apoio do setor reformista moderado do regime islâmico.

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Com um pleito considerado pelos dirigentes do regime como uma batalha entre ultraconservadores islâmicos, a chance de Rohani era pouca e sua pretensão, a princípio, era estar presente em um possível segundo turno para tentar reunir os desacreditados e os eleitores alheios ao sistema.

No entanto, desde os primeiros momentos da apuração, Rohani apareceu na liderança com pouco mais de 50% dos votos e, finalmente, conseguiu se impor sobre quatro adversários ultraconservadores e um tecnocrata com exatos 18.613.329 votos.

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Nas eleições presidenciais de ontem, 36.704.156 votos foram emitidos, dos quais 35.458.747 foram válidos, o que representa uma participação de 72,7% do eleitorado, informou o ministro do Interior do Irã, Mostafa Mohammed Najjar.

Nascido no dia 12 de novembro de 1948, na cidade de Sorje, na província nortista de Semnan, Rohani ingressou em um centro religioso muçulmano de sua província aos 13 anos e, posteriormente, se mudou à cidade de Qom, onde se encontram os principais seminários do Islã xiita, como explica seu site oficial.

Rohani, considerado um pragmático próximo ao ex-presidente reformista moderado Akbar Hashemi Rafsanjani, também gozou de uma boa relação com o líder supremo, o aiatolá Ali Khamenei, com o qual colaborou desde a época da guerra com o Iraque, entre 1980 e 1988.

A partir de 1969, dez anos antes da Revolução Islâmica liderada pelo aiatolá Ruhola Jomeini, o presidente eleito do Irã conciliou os estudos religiosos com os laicos na Universidade de Teerã e, em 1972, obteve uma licenciatura em Direito na capital do país.

Rohani foi seguidor do aiatolá Khomeini desde jovem e, com apenas 17 anos, em 1965, começou a percorrer o país para realizar uma campanha contra o Xá Mohammed Reza Palevi, que governava o país de forma ditatorial, e, por isso, acabou sendo fichado como sedicioso pela polícia política do regime, a Savak.

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Em 1977, dois anos antes da Revolução, foi o primeiro a dar a Khomeini o título de imã, com o que lhe reconhecia a máxima autoridade no Islã xiita duodecimalista que rege no Irã, em um sermão na mesquita do Grande Bazar de Teerã, um centro de comércio milenário e tradicionalmente religioso e conservador.

Após esse sermão, Rohani se viu novamente perseguido pela Savak e, por recomendação de alguns destacados clérigos, deixou o país e buscou refúgio no Reino Unido, onde realizou um mestrado em Direito Constitucional na Universidade de Glasgow Caledonia.

Seu retorno ao Irã ocorreu em paralelo ao do aiatolá Khomeini, no início de 1979, sendo que, a partir desse momento, passou a ocupar vários cargos, tanto no comando militar da guerra contra o Iraque como na vida política do país.

Desde 1980 até 2000, Rohani seguiu a carreira parlamentar, marcando presença na Assembleia Consultiva e no Conselho do Discernimento, onde dirigiu o Centro de Estudos Estratégicos do Irã.

Durante a guerra com o Iraque, de 1980 a 1988, Rohani ocupou diferentes cargos, esteve seis anos no Conselho Superior da defesa - junto a Khamenei e Rafsanjani, este último transformado em seu mentor -, e dirigiu a defesa Aérea do Irã.

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Entre 1989 e 2005, Rohani, sob os governos reformistas dos ex-presidentes Rafsanjani e Mohamed Khatami, ocupou a secretaria do Conselho Supremo de Segurança Nacional e, nos dois últimos anos, foi o encarregado da negociação internacional sobre a questão nuclear do Irã.

A partir de 2003, quando o Irã travava um intenso confronto com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Rohani dirigiu as negociações internacionais e chegou a concordar medidas de confiança, além de cessar algumas atividades do programa nuclear iraniano, uma postura que acalmou os ânimos da comunidade internacional.

Nestas eleições, Rohani foi o candidato único de consenso dos reformistas moderados, apoiado pelos ex-presidentes Akbar Hashemi Rafsanjani e Mohamed Khatami, após a renúncia de outro aspirante de sua linha, Mohamad Reza Aref.

Rohani também é casado e tem três filhos, sendo que um morreu, e duas filhas.

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