A polícia do Egito prendeu na noite de domingo (28) dois líderes de um partido aliado à Irmandade Muçulmana, em uma reação ao massacre durante os protestos da madrugada do último sábado, que deixaram pelo menos 72 mortos.
As prisões acontecem em meio à segunda visita da chefe da diplomacia europeia, Catherine Ashton, desde o início da revolta provocada pela retirada do presidente Mohammed Mursi, no último dia 3. Nos últimos 26 dias, mais de 260 pessoas morreram durante confrontos entre islâmicos, liberais e militares no país.
Os dois líderes presos pertenciam ao partido Wasat, aliado à Irmandade Muçulmana, à qual pertence Mursi. Abul-Ela Madi e Essam Soltan foram enviados à prisão de Tora, na região do Cairo, acusados de incitar a violência durante os protestos de sábado.Outros membros e aliados da Irmandade, como o líder religioso Mohammed Badie, possuem ordens de prisão sob a mesma acusação, mas em referência a protestos anteriores. Já o presidente deposto é mantido em local desconhecido desde o dia 3, e é investigado por um ataque contra uma prisão em 2011.Os integrantes da entidade islâmica consideram que foram vítimas de um golpe e culpam o chefe militar, Abdel Fattah al-Sissi, pela violência durante os protestos. Eles convocaram novos protestos para hoje e uma grande manifestação no Cairo para a terça-feira (30).
Reunião
Hoje, a chefe da diplomacia europeia, Catherine Ashton, pediu o fim da violência e pediu que todas as partes se empenhem para dar fim aos protestos e comecem um processo de transição "plenamente inclusivo".
Ela deverá se reunir com o presidente interino do Egito, Adly Mansour, e o chefe militar Abdel Fattah al-Sissi, além do vice-presidente e ganhador do Prêmio Nobel da Paz, Mohammed ElBaradei. Asthon ainda se encontra com lideranças da sociedade civil e do Partido Liberdade e Justiça, vinculado à Irmandade Muçulmana.
Mais cedo, um soldado morreu e outros oito ficaram feridos em mais um ataque de homens armados contra um posto militar de Rafah, na península do Sinai. A região é local de diversos ataques de grupos radicais islâmicos contra os militares desde a queda do regime de Hosni Mubarak, em 2011.