Os Estados Unidos pretendem intensificar o bloqueio financeiro e comercial em torno da Coréia do Norte como parte do que analistas e autoridades esperam ser um esforço prolongado para conter o isolado Estado comunista.

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O teste com mísseis realizado pelos norte-coreanos nesta semana fez com que os EUA investissem novamente nas tentativas de retomada do processo de negociações envolvendo seis países.

Além de retomarem os esforços para convencer o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) a impor sanções internacionais contra a Coréia do Norte.

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Mas os resultados preliminares não foram encorajadores, reforçando a opinião de que há pouca esperança de resolver diplomaticamente o impasse nuclear e bélico com os norte-coreanos, ao menos até o final do mandato do presidente norte-americano, George W. Bush, em 2009.

- Há nuances no jogo diplomático que podem dar algum resultado, mas, fundamentalmente, não vejo como podemos avançar ou retroceder de forma significativa - disse Mitchell Reiss, membro do Departamento de Estado dos EUA no primeiro mandato de Bush.

Reiss, vice-reitor da College of William and Mary, disse que o governo americano iria provavelmente ter de recuar em seus esforços de contenção e esperar que a Coréia do Norte não se fortalecesse militar e economicamente nos próximos anos.

Mesmo defensores de negociações bilaterais mais intensas entre os EUA e os norte-coreanos mostram-se pessimistas.

- Não sei se ainda há um pacote (de incentivos e ameaças) para fazê-los desistir disso - afirmou Wendy Sherman, principal negociador para a questão durante o governo do ex-presidente Bill Clinton.

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O teste realizado pela Coréia do Norte com sete mísseis e iniciado no dia 4 de julho (Dia da Independência dos EUA) incluiu o primeiro disparo do míssil balístico Taepodong-2, que poderia, teoricamente, chegar ao Alasca.

Mas esse míssil apresentou problemas pouco depois do lançamento.

Depois dos testes, a China e a Rússia rechaçaram as pressões feitas pelos EUA, pelo Japão e pela Grã-Bretanha para que a ONU adotasse sanções.

Mas o governo japonês proibiu, unilateralmente, a entrada de embarcações norte-coreanas em seus portos durante seis meses.

A Coréia do Sul pode suspender o envio de fertilizantes e de comida, mas essas medidas teriam pouca duração porque o governo sul-coreano não considera o país vizinho uma ameaça séria e está comprometido com uma política de engajamento, disseram especialistas.

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MEDIDAS 'DEFENSIVAS'

Simultaneamente, autoridades americanas prometeram acelerar as medidas "defensivas", entre as quais pressionar todos os bancos a congelar as contas da Coréia do Norte que seriam usadas para a prática de pirataria e tráfico de drogas.

O governo dos EUA também estuda como a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) pode mudar suas regras a fim de que seus países membros possam abordar embarcações de bandeira norte-coreana para impedir a remessa ao país e o envio de materiais bélicos por este.

- Várias medidas de pressão estão sendo adotadas a respeito da Coréia do Norte. (A limitação das exportações e dos negócios financeiros) Continuará e se expandirá, especialmente depois do teste com os mísseis - afirmou uma autoridade americana.

As negociações que envolvem seis países visam convencer os norte-coreanos a abandonar seus programas nucleares.

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O processo está paralisado desde novembro passado, quando os EUA ameaçaram punir o Banco Delta Asia, em Macau, devido a acusações de que a instituição estaria ajudando a Coréia do Norte a lavar dinheiro e a passar dólares falsos. Ao menos US$ 20 milhões pertencentes à Coréia do Norte foram congelados.

Alan Romberg, outra ex-autoridade do Departamento de Estado, afirmou que o teste com os mísseis mostram que "há custos a serem pagos por não existir um processo diplomático sério em andamento".

A China, país onde as negociações aconteciam, deveria elaborar propostas para convencer os norte-coreanos a regressar ao processo, entre as quais oferecer um acordo pelo qual apenas o dinheiro ilícito da Coréia do Norte ficaria congelado, sugeriu.

- Isso sugeriria que os EUA não estão tentando bloquear todas as transações da Coréia do Norte, apenas as ilegítimas - disse Romberg, que participa do grupo de pesquisa Centro Henry L. Stimson.

Ele e Reiss visitaram a Coréia do Sul na semana passada.

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Mas, segundo uma autoridade americana, seria quase impossível separar os rendimentos ilícitos dos lícitos. E, além disso, a investigação dos EUA sobre os negócios bancários da Coréia do Norte ainda não terminou.

- O foco agora é descobrir onde estão as contas (relacionadas) - disse.

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