Cultura
Ícone pop, ex-premiê se tornou referência para diversos artistas
Anderson Gonçalves
Pelo bem ou pelo mal, poucas figuras políticas tiveram lugar no universo pop como Margaret Thatcher. Na música, foram muitos os críticos da primeira-dama britânica. O cantor Morrissey, ex-vocalista do The Smiths, deixou explícita sua antipatia na canção "Margaret on the guillotine" (Margaret na guilhotina). A música trazia versos nada sutis como "pessoas como você me fazem sentir tão cansado. Quando você vai morrer?" Na literatura, a era Thatcher foi retratada em obras como "A Linha da Beleza", de Alan Hollinghurst, e "O Legado da Família Winshaw", de Jonathan Coe. A própria morte da ex-premiê foi tema de uma peça teatral, "The death of Margaret Tatcher", encenada em Londres em 2008. A principal obra cinematográfica relacionada a Thatcher foi A Dama de Ferro, biografia que rendeu o Oscar de melhor atriz a Meryl Streep no ano passado.
O funeral da ex-primeira-ministra britânica, Margaret Thatcher, será realizado na próxima quarta-feira, dia 17, na Catedral de St. Paul, em Londres, informou o governo ontem. Thatcher, a primeira e até agora única mulher a ocupar o cargo, morreu na última segunda-feira aos 87 anos, após um derrame.
Mesmo após sua morte, a "Dama de Ferro" continua a dividir opiniões. Enquanto alguns britânicos lamentam sua morte, outros brindam com champanhe em festas improvisadas nas ruas ao som da música "Ding Dong! A Bruxa Está Morta", do filme O Mágico de Oz.
Um cartum do jornal The Guardian descreve Thatcher descendo para o inferno. Na primeira página do Socialist Worker, a expressão "regozijem-se" é a marca de uma série de fotos que mostram o legado que Thatcher deixou para os trabalhadores.
Divisões
Thatcher foi a pessoa que permaneceu no posto de primeiro-ministro por mais tempo no século 20, mas foi uma figura que provocou divisões na política britânica. A "Dama de Ferro" chegou ao poder em 1979 e venceu três eleições seguidas. Ela foi obrigada a deixar o cargo após uma rebelião no Parlamento ocorrida em seu próprio partido, o Conservador.
Sua defesa do livre mercado transformou a economia britânica, mas as privatizações e desregulamentação promovidas por seu governo levaram a um período de turbulentos confrontos com sindicatos. Frequentemente, muitas sociedades tendem a amenizar a imagem de um líder contraditório quando ele morre. Nos EUA, presidentes impopulares são elogiados quando morrem, mas as emoções na Inglaterra como um todo permanecem como eram quando a "Dama de Ferro" estava no poder.