Após a Assembleia Geral das Nações Unidas garantir assento aos rebeldes líbios na ONU, o Brasil reconheceu a legitimidade do Conselho Nacional de Transição (CNT), órgão da oposição ao regime de Muamar Kadafi.
Ontem, com 114 votos favoráveis, 17 contrários e 15 abstenções, a ONU reconheceu os rebeldes como representantes da Líbia, o que permitirá que o presidente do conselho, Mustafa Mohammed Abdul Jalil, participe de reunião da Assembleia Geral, na próxima semana.
O presidente do comitê e embaixador do Panamá, Ambassador Pablo Antônio Thalassinos, reforçou que Abdul Jalil já havia enviado uma carta assumindo o lugar do novo governo da Líbia na câmara da organização.
A presidente Dilma Rousseff viaja hoje a Nova York para participar do evento ela irá abrir o debate na Assembleia, tarefa tradicionalmente realizada pelo chefe de Estado brasileiro.
Em uma nota sucinta divulgada na tarde de ontem, o Itamaraty afirmou que a decisão do colegiado obteve "voto favorável do Brasil".
O Ministério das Relações Exteriores resistia em reconhecer a legitimidade dos rebeldes.
No mês passado, o chanceler Antonio Patriota afirmou que não era o momento para "adotar alguma manifestação a respeito deste ou daquele governo".
Apesar disso, o embaixador brasileiro no Cairo, Cesário Melantonio Neto, foi enviado no final de julho a Benghazi, então capital rebelde, para um contato com o governo oposicionista.
O diplomata ainda representou o Brasil na reunião do "grupo de amigos para a nova Líbia", em Paris, que tratou de medidas para a reconstrução do país e a transição entre o novo governo e o regime de Kadafi.
Do lado contrário, o embaixador da Venezuela na ONU, Jorge Valero, disse que seu país rejeita "a autoridade de transição ilegítima imposta pela intervenção estrangeira" e qualquer tentativa de transformar a Líbia em um "protetorado" da Otan ou do Conselho de Segurança.
Forças insurgentes avançam sobre redutos de Kadafi
As forças rebeldes líbias aceleraram ontem o avanço contra a cidade de Bani Walid, um dos últimos redutos leais a Muamar Kadafi.
A ação veio pouco depois de tropas do ditador atacarem alguns focos rebeldes nos arredores.
Em Sirte, terra natal de Kadafi, intensos combates eram registrados com o avanço de centenas de combatentes insurgentes em três fronts, segundo relatos da emissora de TV Al Jazeera, que afirmou que os rebeldes haviam tomado o controle do aeroporto local.
Dezenas de caminhões com metralhadoras e também quatro tanques foram vistos na estrada de acesso à cidade.
Líderes do Conselho Nacional de Transição (CNT, órgão político rebelde) disseram que a ofensiva é uma tentativa coordenada de tomar Sirte pelo sul, leste, oeste e ao longo da costa.
De acordo com uma nota do Conselho Militar de Misrata, a resistência matou ao menos 11 insurgentes e feriu mais 34.
Um repórter da Al Jazeera afirmou que os últimos relatos davam conta de que havia combates na cidade de Harrawa, que fez parte de negociações com comunidades tribais para que se rendesse pacificamente, o que não aconteceu.
As forças contrárias ao regime líbio entraram na cidade de Sirte, terra natal de Kadafi, na quarta-feira.