O Equador anunciou nesta quinta-feira (27) que renunciará aos benefícios tarifários concedidos aos produtos do país para que sejam exportados aos Estados Unidos. O governo atribui a decisão às ameaças sofridas pelo país por analisar o pedido de asilo de Edward Snowden.
O técnico em informática pediu refúgio ao país após ser processado por Washington por vazar informações sobre o esquema de monitoramento de telefones nos Estados Unidos e dados de internet de todo o mundo feito pela Agência de Segurança Nacional americana (NSA, em inglês).
O país sul-americano avalia o pedido e o chanceler Ricardo Patiño disse na quarta-feira (26) que a decisão sobre Snowden poderá levar meses. O delator está na área de trânsito do aeroporto de Sheremetyevo, em Moscou, desde domingo (23).
O anúncio foi feito pelo secretário de Comunicação, Fernando Alvarado. A redução era uma compensação dos americanos à ajuda equatoriana no combate ao tráfico de drogas. Ma quarta, parlamentares republicanos disseram que pressionariam pela retirada de benefícios ao Equador se o país asilasse o informante.
"O Equador não aceita pressões nem ameaças, não barganha princípios, nem os submete a interesses mercantis por mais importante que esses sejam", afirmou Alvarado, que ofereceu o dinheiro aos americanos para que seja usado em "capacitação em direitos humanos".
Ele criticou os Estados Unidos por não assinar nenhum dos tratados interamericanos de direitos humanos. "Entendo que são necessários mecanismos de luta contra o terrorismo, mas não podemos admitir que sejam atropelados os direitos humanos e a soberania dos povos."
Alvarado ainda ironizou pedido do governo americano para extraditar Snowden, que veio antes de que o delator chegasse ao país. "Nós ficaríamos felizes se eles agissem com a mesma urgência para entregar vários foragidos da Justiça equatoriana refugiados nos Estados Unidos."
Asilo
Mais cedo, a secretária nacional de Gestão Pública do Equador, Betty Tola, negou que o país tenha autorizado o asilo político a Snowden. Segundo integrantes do governo questionados pela Reuters, o documento ainda é avaliado pela administração do presidente Rafael Correa.
No entanto, o chanceler Ricardo Patiño disse que faria um anúncio em algumas horas sobre a solicitação do delator. O representante equatoriano afirmou também que o trâmite para a concessão do asilo poderá levar meses.
Snowden teve seu passaporte americano cancelado após Washington pedir sua extradição no sábado. Ele conseguiu sair de Hong Kong porque o governo do território semi-autônomo chinês não aceitou o documento enviado pelos americanos. Segundo o governo local, o nome do delator foi escrito de forma errada.
Hoje Snowden continua na área de trânsito do aeroporto de Sheremetyevo, em Moscou, segundo funcionários do terminal. Funcionários da companhia russa Aeroflot informaram que ele não estava na lista do voo da companhia para Havana. O próximo avião para a capital cubana sairá no sábado.
Segundo a empresa, não há reservas no nome dele nem de Sarah Harrison, integrante do WikiLeaks que o assessora em sua viagem. Agentes da imigração russa disseram que ele não pediu visto para entrar na Rússia e que poderá ficar "o tempo que quiser" na área de trânsito sem solicitar o documento.
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