Ao que tudo indica, as recentes manifestações estudantis têm surtido efeito no México. Enrique Peña Nieto, candidato favorito para ganhar as eleições presidenciais no dia 1º de julho, perde pontos percentuais pela primeira vez em uma pesquisa divulgada nesta terça-feira (29). Apesar da grande vantagem, Peña Nieto tem 35,6% das intenções de votos, contra 20,5% do esquerdista Andrés Manuel López Obrador. É seu pior índice desde o início da campanha, em março.
Segundo a sondagem da empresa Mitofsky, o candidato do Partido Revolucionário Institucional (PRI) tem 2,3 pontos percentuais a menos que no último levantamento, realizado na semana passada. A grande surpresa é o crescimento de Obrador, que se mantém pela segunda semana consecutiva como segundo candidato, com 1,2 pontos percentuais a mais. A candidata do partido governista (PAN), Josefina Vázquez Mota teria apenas 20,4%. Nesta segunda-feira, outra pesquisa nacional, realizada pelo Instituto Ipsos Bimsa, colocava Peña Nieto em primeiro lugar, com 36% dos votos, seguido por López Obrador com 24%.
Há oito meses, poucos haveriam apostado nas possibilidades de eleição de Andrés Manuel López Obrador, ou AMLO, com é conhecido no país. Depois de perder as eleições em 2006 para o atual presidente Felipe Calderón por apenas 0,56% dos votos - uma derrota que ele nunca aceitou -, o político, de 58 anos, passou a ser visto como uma figura do passado, sinônimo de controvérsia. Agora, a pouco mais de um mês das urnas, AMLO desbancou o segundo lugar da candidata do PAN e vem reduzindo a distância de Penã Nieto.
Manuel Camacho Solís, líder da esquerda, considera que a corrida presidencial será decidida apenas entre os dois primeiros candidatos: "Se a distância entre o candidato do PRI e AMLO diminuir a cinco pontos percentuais de diferença, a eleição será uma incógnita".
Estudantes "revoltados" vão às urnas
Os estudantes são os grandes protagonistas das próximas eleições. Enganados e ignorados, são os chamados "estudantes revoltados", a maioria de universidades privadas, que estão cansados de uma democracia desvalorizada, e têm ido às ruas para protestar contra a corrupção, os atuais partidos políticos e a manipulação informativa das grandes redes de televisão.
O estopim para uma cadeia de protestos começou no dia 11 de maio, quando o candidato do PRI, Enrique Peña Nieto, foi vaiado durante um comício na Universidade Iberoamericana. Em meio a gritos de "fora, fora" e "assassino", Peña Nieto acabou deixando a palestra. Nove dias depois do incidente, estudantes das maiores universidades privadas do país se uniram aos da Universidade Iberoamericana na Marcha Anti-EPN (iniciais do candidato) que levou milhares de mexicanos - perto de 46 mil, segundo os organizadores - às ruas de Cidade do México para mostrar sua oposição ao favorito nas pesquisas das eleições presidenciais.
Em outro golpe para o partido, a justiça americana apreendeu, há alguns dias, os bens do governador de Tamaulipas, Tomás Yarrington, que haviam sido comprados com supostas propinas de uma facção de traficantes. O PRI decidiu, no último fim de semana, suspender os direitos de Yarrington enquanto ele está sendo investigado.