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Crise árabe

Após protestos, rei da Jordânia empossa novo governo

O rei Abdullah, da Jordânia, deu posse nesta quarta-feira ao novo governo do país, comandado por um ex-general que prometeu ampliar as liberdades individuais em resposta aos protestos populares inspirados pelas revoltas na Tunísia e Egito.

Abdullah, um importante aliado dos EUA no Oriente Médio, nomeou o conservador Marouf Bakhit para o cargo de primeiro-ministro, no lugar de Samir Rifai, que passou pouco mais de um ano no cargo.

Os protestos na Jordânia misturam grupos tribais e islâmicos, pleiteando a adoção de uma monarquia constitucional que limite os poderes do trono.

O gabinete de Bakhit, com 27 integrantes, é dominado por políticos conservadores e dirigentes tribais, em detrimento de reformistas de inclinação ocidental e pró-mercado, que eram majoritários em administrações anteriores, segundo fontes políticas.

Mas os ministros do Interior, Relações Exteriores e Finanças serão mantidos, e analistas preveem que a Jordânia preservará seu tradicional apoio às políticas dos EUA na região.

Esses analistas dizem também que o rei escolheu Bakhit, conhecido por sua hostilidade ao setor privado, para agradar às poderosas tribos da Transjordânia, que dão sustentação à monarquia. Muitas dessas tribos acreditam que as políticas de livre mercado são responsáveis pela corrupção e pelo aumento das disparidades sociais no país.

A opção por Bakhit também reflete a tradicional prioridade da monarquia hashemita em contentar os jordanianos da Transjordânia, os habitantes originais do país, que detêm um rígido controle político, em detrimento dos palestinos, que formam a maioria da população de 7 milhões de pessoas.

O novo gabinete mantém essa sub-representação dos palestinos, que dependem de empregos no setor privado e das remessas financeiras de parentes no golfo Pérsico.

Bakhit realizou consultas a líderes da oposição, da sociedade civil, de sindicalistas e entidades empresariais. Ele diz que seu governo atenuará a censura e as restrições a atividades políticas e liberdades públicas.

Antes da posse do gabinete, Bakhit visitou o Parlamento e se reuniu com deputados.

Ele chegou a oferecer cargos à oposição islâmica, que boicotou a eleição parlamentar de novembro e agora rejeitou aderir ao novo governo, dizendo que só fará isso quando houver um gabinete eleito pelo voto popular, e não escolhido pelo rei.

Bakhit provavelmente reduzirá o ritmo das reformas de livre mercado promovidas pelo FMI, e ao mesmo tempo deve ampliar subsídios a áreas rurais e tribais, longe das cidades dominadas por palestinos.

O ativismo do novo premiê por uma maior participação do Estado na economia pode fazer com que o déficit orçamentário de 2011 se aproxime de 9 por cento do PIB, ou 2 bilhões de dólares, nível recorde alcançado em 2009, segundo analistas.

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