Devido a protestos ocorridos desde que chegou ao Brasil, culminando com o cancelamento da exibição do documentário "Conexão Cuba-Honduras" que seria exibido na noite desta segunda-feira (18), a blogueira cubana Yoani Sánchez, 37, teve a sua segurança reforçada em Feira de Santana (BA).
O jornalista César Oliveira, 51, um dos que fazem parte da organização que trouxe Sánchez ao Brasil, informou que colocou quatro seguranças para andar com a blogueira 24 horas - antes ela estava com dois. A pedido do prefeito da cidade, José Ronaldo de Carvalho (DEM), a Polícia Militar também passou a fazer a segurança dos eventos e deslocamentos da cubana.
"Estamos fazendo o possível para manter a segurança de Yoani, pois os protestos ocorridos nos deixaram muito preocupados. Yoani está sob nossa responsabilidade e temos a obrigação de cuidar dela", declarou o jornalista César Oliveira.
A blogueira agradeceu o reforço da segurança e "lamentou" que o evento de segunda tenha se transformado em "uma situação de risco físico". "Agradeço muito [o reforço da segurança]. Foi um gesto muito positivo, mas lamento que a situação tenha chegado a esse ponto. Sou uma pessoa pacífica, não uso armas", disse Sánchez. Para hoje, estava previsto que a blogueira realizasse passeio cultural pelo Centro da cidade e tarde de autógrafos do livro "De Cuba com carinho" (Contexto). À noite, está programada uma palestra sobre direitos humanos numa casa de eventos. De acordo com César Oliveira, o cancelamento na agenda não tem relação com as manifestações.
Entrevista
Na manhã desta terça, Sánchez participou apenas de uma entrevista coletiva no auditório da CDL (Câmara de Dirigentes Lojistas). Não havia manifestantes no local. Aos jornalistas, a blogueira disse acreditar que os protestos e o "ódio" de manifestantes pró-governo cubano foram "motivados por terceiros".
"Só me resta pensar que essas pessoas nunca acessaram meus textos [no blog] e que o ódio foi fomentado por terceiros", disse. Em Feira de Santana, a visita de Yoani Sánchez tem provocado reações diferentes nos moradores locais. "Acho a vinda dela muito importante, mas prefiro a visita de personalidades de minha terra, Santo Amaro, como a professora Zilda Pain", declarou o aposentado Celso Valverde, 62.
O motorista Edvandro Oliveira, 31, avalia que a presença da cubana pode trazer novos conhecimentos sobre como é a vida em Cuba. "Esses protestos que ela tem enfrentado aqui também servem de aprendizado para ela ver como é a democracia", afirmou.