Após a queda de do avião da EgyptAir – com 66 pessoas a bordo, 56 passageiros e dez tripulantes – nesta quinta-feira (19) no Mar Mediterrâneo,autoridades de vários países investigam o episódio, diante da possibilidade de que a aeronave tenha sido alvo de um ataque terrorista, enquanto também são conduzidas buscas pelos destroços. A Grécia afirmou que aqueles já encontrados não são de uma aeronave.
Não havia sinais de sobreviventes. Autoridades do Egito e da Rússia afirmaram que terroristas podem ter derrubado o avião, um Airbus A320 que fazia o voo 804 para a companhia EgyptAir. A aeronave caiu quando estava aproximadamente no meio do caminho entre a costa egípcia e a ilha grega de Creta, ou 282 quilômetros distante da costa, após decolar do aeroporto Charles de Gaulle, na capital da França, rumo ao Cairo.
Confira a cronologia da queda do avião da EgyptAir
O desastre também gerou dúvidas sobre a segurança do aeroporto francês, em um momento de alerta entre autoridades ante o risco de ataques de extremistas. O ministro das Relações Exteriores francês, Jean-Marc Ayrault, disse que o aeroporto teve a segurança reforçada consideravelmente antes do episódio, em parte porque a França sediará em breve uma competição de futebol europeu, a Eurocopa.
Os militares egípcios disseram não ter recebido um alerta do avião, o que poderia apontar para uma queda repentina da aeronave. A rota errática pode ter várias explicações, entre elas um problema mecânico ou falha estrutural, uma bomba ou mesmo uma luta entre os pilotos e um eventual sequestrador no cockpit, ainda que nesse caso pudesse ter havido um alerta dos tripulantes.
A bordo havia pessoas de vários países, segundo a EgyptAir, entre eles 15 franceses, 30 egípcios, dois iraquianos, um britânico, um kuwaitiano, um saudita, um sudanês, um chadiano, um português, um belga, um argelino e dois canadenses. Havia ainda dois bebês a bordo, segundo autoridades.
O presidente francês, François Hollande, realizou uma reunião de emergência em Paris e telefonou para o presidente egípcio, Abdel-Fattah el-Sissi. Ambos concordaram em cooperar para estabelecer o mais rápido possível as circunstâncias do desastre, segundo um comunicado.
Buscas
O ministro grego da Defesa, Panos Kammenos, disse que o avião perdeu altitude de repente, antes de sumir dos radares por volta das 2h45 (hora do Cairo). Segundo Kammenos, o avião fez um giro de 90 graus para a esquerda, então fez uma volta completa para a direita, perdendo altitude rapidamente, até desaparecer a 3.048 metros de altitude. Não havia registro de tempo ruim no momento do episódio.
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Funcionários egípcios e gregos em navios e aviões realizavam buscas na área onde teria ocorrido a queda. Estados Unidos, Reino Unido e França devem colaborar nos trabalhos. Com o cair da noite, porém, ainda não estava oficialmente confirmado que qualquer destroço tivesse sido encontrado. Inicialmente funcionários disseram que havia coletes salva-vidas e outros materiais que flutuavam, mas essa informação não foi ainda confirmada.
O ministro da Aviação Civil egípcio, Sherif Fathi, ponderou que o caso ainda está sob investigação, mas apontou que a possibilidade de um ataque terrorista “é maior que a de uma falha técnica”. O chefe da agência de segurança doméstica russa, Alexander Bortnikov, afirmou que “toda probabilidade” apontava para “um ataque terrorista”.
Até o momento, nenhum grupo militante havia reivindicado a queda do avião. Caso o terrorismo se confirme, seria o segundo ataque com mortes envolvendo o setor de aviação do Egito em sete meses.
Em outubro, um avião de passageiros russo que partiu de um resort egípcio no Mar Vermelho caiu no Sinai e todas as 224 pessoas a bordo morreram. A Rússia diz que uma bomba derrubou a aeronave e um braço local do Estado Islâmico reivindicou o ataque.
O desastre é também um revés para a intenção do Egito de impulsionar a economia, particularmente seu lucrativo setor de turismo. O país sofreu recentemente com os distúrbios políticos e a violência, desde a queda em 2011 do presidente Hosni Mubarak.
Cronologia da queda do avião da EgyptAir
Confira os principais fatos desde o anúncio, na madrugada desta quinta-feira, do desaparecimento de um avião da EgyptAir que seguia de Paris ao Cairo e que caiu no mar Mediterrâneo com 66 pessoas a bordo.
- 03h21 GMT (00h21 no horário de Brasília): EgyptAir anuncia que o voo MS804, realizado por um Airbus A320, que decolou na quarta-feira à noite às 21h09 GMT (23h09 horário local, 18h09 de Brasília) do aeroporto Paris-Roissy com destino ao Cairo desapareceu dos radares.
A companhia indica pouco depois que 66 pessoas (incluindo 56 passageiros) estavam a bordo e que o avião entrava no espaço aéreo egípcio quando desapareceu dos radares nesta quinta-feira às 00h45 GMT.
- Pouco antes das 05h00 GMT, o vice-presidente da EgyptAir, Ahmed Adel, informa que o avião desapareceu dos radares quando estava “a 30 ou 40 milhas (48 a 64 km) da costa” norte do Egito e que todas as torres de controle não receberam qualquer aviso de emergência.
- 05h06 GMT : o exército egípcio anuncia que a Grécia participa das buscas. Aviões e barcos são mobilizados para tentar localizar o avião.
- 05h36 GMT: a EgyptAir fornece a nacionalidade dos passageiros: 30 egípcios, 15 franceses, um britânico, um canadense, um belga, um português um argelino, um sudanês, um chadiano, dois iraquianos, um saudita e um kuwaitiano.
- 05h45 GMT: os presidentes francês, François Hollande, e egípcio, Abdel Fattah al-Sissi, concordam em “cooperar estreitamente para estabelece o mais rápido possível as circunstâncias do desaparecimento do avião”.
- 06h28 GMT: um ex-diretor do Burô de Investigação e Análise (BEA), Jean-Paul Troadec, considera que o fato de o avião Egyptair não ter enviado qualquer mensagem de alerta é sinal de um “evento brutal”, “fazendo pensar em um atentado”.
- 06h30 GMT: François Hollande preside no palácio do Eliseu uma reunião ministerial de crise. Pouco depois, o ministro das Relações Exteriores, Jean-Marc Ayrault, anuncia a criação de uma célula de crise no Quai d’Orsay.
- 07h15 GMT: “Nenhuma mensagem de alerta” do voo Paris-Cairo foi captada, assegura o exército egípcio, contradizendo assim uma informação dada pouco antes pela EgyptAir.
- 07h43 GMT: a aviação civil grega anuncia que o A320 caiu perto de Karpathos, uma ilha entre Rhodes e Creta, quando já se encontrava no espaço aéreo egípcio.
- 09h30 GMT: as famílias dos passageiros são acolhidas no aeroporto parisiense de Roissy.
- 10h00 GMT: “nenhum problema” foi assinalado pelo piloto no último contato com os controladores de tráfego aéreo gregos, indica a aviação civil grega.
- 10h24 GMT: “nenhuma hipótese está descartada, nenhuma é privilegiada”, declarou François Hollande. A procuradoria de Paris abre uma investigação.
- 10h55 GMT: o ministro grego da Defesa, Panos Kammenos, indica que o avião, que estava a mais de 11.000 metros, caiu fazendo dois giros abruptos antes de desaparecer dos radares.
- 12h00 GMT: o ministro egípcio da aviação civil não exclui “nem ato terrorista, nem incidente técnico”.
- 13H11 GMT: o ministro egípcio da aviação civil indica que a hipótese de um “ataque terrorista” é “mais provável” que a de uma falha técnica.