O atual presidente de Honduras, Juan Orlando Hernández, foi reeleito para mais quatro anos de mandato, anunciou neste domingo (17) o tribunal eleitoral, em meio a denúncias de fraudes feitas pela oposição.
Segundo os resultados oficiais, o conservador Hernández venceu a eleição de 26 de novembro com uma vantagem de de 1,53 pontos percentuais sobre o candidato de centro-esquerda, o apresentador de TV Salvador Nasralla.
David Matamoros, presidente do tribunal, disse em discurso transmitido pela TV que todas as denúncias foram apuradas e que foi feita a recontagem de votos em algumas regiões. Segundo ele, o resultado final mostra que Hernández é o "presidente eleito da República de Honduras".
Logo após o anúncio, Nasralla disse em um vídeo que houve fraude "antes, durante e depois" das eleições e afirmou que a decisão do tribunal foi uma "ação desesperada" para ajudar Hernández.
O líder da oposição disse ainda que vai viajar para Washington para se encontrar com representantes do Departamento de Estado americano -o governo dos EUA apoia Hernández- e da OEA (Organização dos Estados Americanos).
O secretário geral da OEA Luis Almagro criticou a decisão do tribunal, disse que a eleição foi marcada por irregularidades e pediu uma nova votação.
"O povo de Honduras merece um processo eleitoral que tenha qualidade e garantias democráticas. O processo eleitoral que o tribunal concluiu hoje claramente não providenciou isso", disse ele em nota.
A coalizão Aliança de Oposição contra a Ditadura, de Nasralla, que fez as primeiras acusações de fraude, ainda não disse quais atitudes vai tomar na sequência.
Observadores da União Europeia que estão no país disseram que a recontagem não mostrou nenhuma irregularidade.
"Após comparar uma grande amostra aleatória dos registros de voto providenciada pela Aliança [da oposição] e os registros originais disponíveis no site do tribunal, a missão observou que os resultados praticamente não apresentam diferenças, disse Jose Antonio de Gabriel, diretor-adjunto da missão europeia.
A indefinição sobre o vencedor da eleição jogou Honduras em uma crise política, com uma série de manifestações contra o governo acontecendo pelo país.
Logo após a votação, os primeiros resultados divulgados pelo tribunal mostravam Nasralla na frente com cerca de metade das urnas apuradas.
Na sequência, porém, a contagem foi paralisada por 36 horas. Quando os números voltaram a ser atualizados, a vantagem do candidato de oposição começou a diminuir, até ele ser ultrapassado por Hernández.
Isso fez eclodir a onda de protestos nos quais 22 pessoas morreram.