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Pena de morte

Após recusa do Irã, Lula insiste em asilo para condenada

Lula em reunião do Mercosul, na Argentina: “Eu fico feliz que o ministro do Irã tenha percebido que eu sou um homem emocional” | Juan Mabromata/AFP
Lula em reunião do Mercosul, na Argentina: “Eu fico feliz que o ministro do Irã tenha percebido que eu sou um homem emocional” (Foto: Juan Mabromata/AFP)
Cartaz da campanha pela libertação de Sakineh: Irã alega que ela cometeu adultério e ajudou a matar o marido, penas que o país pune com apedrejamento |

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Cartaz da campanha pela libertação de Sakineh: Irã alega que ela cometeu adultério e ajudou a matar o marido, penas que o país pune com apedrejamento

Apesar da rejeição e críticas de Teerã à oferta do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de asilar a iraniana Sakineh Mohammadi Ash­­tiani, condenada a morte por apedrejamento por supostamente ter traído e se envolvido na morte do marido, Lula repetiu ontem que poderia recebê-la.O presidente afirmou, em reunião do Mercosul, na Argentina, que a oferta de asilo à iraniana acusada de adultério e assassinato foi "mais humanitário" do que "formal".

Mais cedo, o governo do Irã ha­­via indicado que rejeitará a proposta de asilo político, e ainda su­­geriu que o líder brasileiro é emotivo e desinformado.

"Até onde sabemos [o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula] da Sil­­va é uma pessoa muito hu­­mana e emocional, que prova­­velmen­­te não recebeu informação suficiente sobre o caso", disse o porta-voz do Ministério de Rela­­ções Ex­­teriores, Ramin Mehman­­parast.

"O que podemos fazer é fornecer a ele os detalhes do caso desta pessoa que cometeu um crime, pa­­ra que ele [Lula] possa entendê-lo", acrescentou o porta-voz iraniano.

"Primeiro, eu fico feliz que o ministro do Irã tenha percebido que eu sou um homem emocional. Eu sou muito emocional. Se­­gun­­do, eu não fiz um pedido formal [de asilo à iraniana Sakineh Mo­­hammadi Ashtiani]. Eu fiz um pe­­dido mais humanitário’’, reagiu Lu­­la durante a cúpula do Mer­­co­­sul, na cidade argentina de San Juan.

"Pelo que se fala na imprensa, ou ela vai morrer apedrejada ou enforcada. Ou seja, nenhuma das duas mortes é humanamente acei­­tável. Por isso fiz esse apelo. Ob­­viamente, se houver disposição do Irã em conversar sobre esse as­­sunto, nós teremos imenso prazer em conversar e, se for o caso, trazer essa mulher para o Brasil’’, acrescentou Lula.

Sobre a questão de direitos hu­­manos no Irã, o presidente brasileiro evitou fazer críticas. " Eu não conheço profundamente como funciona o Irã, o que sei é que cada país tem a sua lei, tem a sua Cons­­tituição, tem a sua religião. E nós precisamos, concordando ou não, aprender a respeitar o procedimento de cada país."

Lula fez a oferta de asilo ao presidente do Irã, Mahmoud Ahma­­dinejad, durante um comício eleitoral em Curitiba (PR), no sábado passado. "Eu quero fazer um apelo ao meu amigo Ahmadinejad, ao líder supremo do Irã [o aiatolá Ali Khamenei] e ao governo do Irã para permitir que o Brasil receba a mulher", afirmou Lula.

Presidente volta a criticar a ONU

Ao mesmo tempo em que insistiu na oferta de asilo à iraniana Sakineh, condenada a apedrejamento, o presidente Lula voltou ontem a criticar os países membros do Conselho de Segurança da ONU por terem aprovado, em junho, a imposição de novas sanções ao Irã. O presidente lembrou que, dias antes da votação na ONU, o regime islâmico assinou, com Brasil e Turquia, um acordo para trocar urânio enriquecido por combustível nuclear produzido no exterior.

"Qual não foi minha surpresa quando os países do Grupo de Viena, ao invés de dizerem ‘bom, estão criadas as condições para negociações’, começaram a discutir o aumento das sanções", disse Lula durante encontro do Mercosul, na Argentina.

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