Entrevista
Emilio Palacio, jornalista, editor de opinião do jornal El Universo, de Guayaquil
O jornalista Emilio Palacio é considerado inimigo público pelo governo Rafael Correa. Editor de opinião do jornal El Universo, de Guayaquil, o jornalista já foi expulso do Palácio Carondelet e é alvo de três denúncias apresentadas pelo presidente. Em entrevista à Agência O Globo, Palacio diz que Correa tem dificuldade para suportar opiniões diferentes.
Qual é a sua opinião sobre o referendo?
Trata-se de um pretexto para testar o poder de Correa. Ele está enfraquecido e precisa recuperar espaços perdidos.
O referendo busca reformar a Justiça e também modificar regras que envolvem os meios de comunicação...
Sim, mas tudo isso é secundário. O que Correa realmente quer é fortalecer-se, porque nos últimos anos, apesar da popularidade, não conseguiu fazer muitas coisas que estavam em seus planos. Mas claro que, com a vitória do "sim", o presidente vai poder interferir no Judiciário e limitar a liberdade de expressão.
Por que a relação de Correa com a imprensa é tão difícil?
Porque o presidente não suporta a liberdade de expressão, as opiniões diferentes. E não estamos falando apenas de jornalistas. O ex-diretor do hospital policial onde Correa esteve durante a revolta de setembro, Cesar Carrion, foi afastado por dizer numa entrevista que o presidente não esteve preso, como informou o governo. A mulher de Carrion está fazendo greve de fome porque seu marido está detido há sete meses e o processo não se resolve porque o governo não apresenta provas.
Correa tem dificuldade para aceitar opiniões divergentes?
Você está sendo bondosa. Ele tem uma dificuldade psicológica, anímica e física para suportar opiniões diferentes.
O presidente do Equador, Rafael Correa, prometeu ontem uma grande reforma no Judiciário, depois que um referendo fortaleceu os seus poderes e aumentou temores sobre a possibilidade de autoritarismo no país.
Os votos apurados ontem davam vitória ao presidente em nove das dez propostas de reforma que ele apresentou aos equatorianos no referendo. A votação ajuda a medir também as possibilidades de reeleição de Correa em 2013.
O presidente declarou vitória no referendo ainda no sábado à noite, e os opositores já aceitaram a derrota.
"Temos que fazer grandes mudanças nos próximos 18 meses. Vamos enfrentar a oposição das máfias no Judiciário", afirmou o presidente, que disse ter a intenção de erradicar a corrupção e a ineficiência dos tribunais.
"Tivemos uma nova vitória eleitoral contundente, sem atenuantes, que talvez tenha sido a mais difícil das seis obtidas desde 2007", acrescentou o presidente socialista, que mencionou inicialmente uma vantagem de "20 pontos porcentuais".
No entanto, nove das dez reformas propostas por Correa receberam no sábado um apoio que oscila entre 44,4% e 49,9%, apurados 32% dos votos, segundo o Conselho Nacional Eleitoral (CNE). Enquanto isso, os votos de "Não" flutuavam de 40% a 44%, de acordo com os resultados preliminares, incluindo votos brancos e nulos.
Durante a campanha, o governismo previu uma vitória de até quatro a um, evocando a vitória de abril de 2009, quando Correa foi reeleito no primeiro turno com 52% dos votos, contra os 28% do ex-presidente Lucio Gutiérrez (2003-2005).
Mas desta vez os resultados foram apertados, como na proposta para criar um "conselho de regulação" dos conteúdos dos meios de comunicação.
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