O grupo separatista ETA afirmou que lamenta a dor causada por sua campanha armada pela independência basca, e prometeu não retomar o uso da violência. Em declaração sem precedentes publicada nesta sexta-feira (20), pelos jornais bascos Beria e Gara, o ETA reconheceu sua "responsabilidade direta ao causar dor durante a trajetória armada, assim como seu compromisso para finalmente superar as consequências do conflito e não voltar a repeti-lo".
"Realmente sentimos muito", ressalta a declaração. O ETA, que matou cerca de 850 pessoas, incluindo policiais, políticos e empresários, vai oficializar sua dissolução no início de maio, segundo informou a emissora local basca ETB nesta semana.
Depois de mais de quatro décadas de ataques com carros-bomba, tiroteios e sequestros, o grupo desistiu de sua campanha violenta em 2011 e se desarmou um ano atrás.
No comunicado, o grupo reconheceu sua responsabilidade por assassinatos, tortura, sequestros e expulsão de pessoas do país Basco, se referindo não somente às vítimas do ETA, mas também à situação de alguns dos próprios militantes. "Queremos mostrar nosso respeito pelos mortos, feridos e vítimas que as ações da ETA causaram."
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O governo da Espanha, que considera o ETA uma organização terrorista, elogiou a declaração, mas afirmou que o pedido de desculpas chegou muito tarde.
"O ETA deveria ter sinceramente e incondicionalmente pedido perdão pelos danos causados há muito tempo", disse o governo do primeiro-ministro Mariano Rajoy, acrescentando que o anúncio não é nada mais que "outra consequência da fortaleza do estado de direito que derrotou o ETA com os braços da democracia".
As vítimas do ETA também se manifestaram, criticando o anúncio porque o grupo buscou o perdão das vítimas "que não tinham uma participação direta no conflito", excluindo os que foram especificamente visados pelo ETA.
A Associação Nacional de Vítimas do Terrorismo (AVT) afirmou que a declaração visa "clarear" o passado do ETA. Já o Coletivo de Vítimas do Terrorismo (Covite), grupo com sede na cidade basca de San Sebastian, disse que a distinção entre "vítimas inocentes e culpadas" acaba considerando as pessoas "como danos colaterais na imposição de um projeto totalitário".
Com informações da Associated Press.
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