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Protestos antirracismo

Após tiroteios, Seattle promete acabar com a “zona livre de policiais”

seattle zona autônoma
Uma placa que diz "Black Lives Matter" foi colocada na "zona autônoma" de Seattle (Foto: David Ryder/Getty Images/AFP)

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Um fim de semana violento com tiroteios e uma morte na "zona autônoma" de Seattle fez com que a prefeita da cidade, Jenny Durkan, pedisse aos manifestantes antirracismo que deixem o bairro ocupado voluntariamente. Durkan anunciou na noite desta segunda-feira (22) que a polícia voltará ao local, mas que em um primeiro momento as forças de segurança não serão usadas para dispersar os manifestantes.

"Os impactos acumulados das reuniões e protestos, a atmosfera noturna e a violência levaram a circunstâncias cada vez mais difíceis para nossos negócios e moradores", disse Durkan em entrevista coletiva, contatando que a segurança diminuiu nos arredores das seis quadras onde manifestantes estão acampados há mais de duas semanas, sem permitir a entrada de policiais. "Não deve haver lugar em Seattle onde o Corpo de Bombeiros de Seattle e o Departamento de Polícia de Seattle não possam ir", continuou Durkan.

Essa área de Seattle ficou conhecida como "Chaz" (Capitol Hill Autonomous Zone), em referência ao bairro Capitol Hill, e recentemente passou a ser chamada de "Chop" (Capitol Hill Organized Protest). Manifestantes tomaram conta da região depois que a delegacia de polícia local foi fechada com o objetivo de reduzir a violência dos protestos contra a morte do afro-americano George Floyd por um policial branco.

Até os incidentes violentos do fim de semana, que deixaram um jovem de 19 anos morto e outros dois homens feridos, as autoridades municipais e estaduais estavam permitindo que a ocupação continuasse. Durkan chegou a comparar a atmosfera da manifestação à de uma "festa de rua". "Esse não é um golpe armado. Essa não é uma junta militar", disse Durkan em entrevista à CNN no começo da ocupação.

Agora, a prefeita reconhece que a situação foi longe demais. "É hora de as pessoas voltarem para casa, é hora de restaurar [o parque] Cal Anderson e [o bairro] Capitol Hill para que ele possa ser uma parte vibrante da comunidade", disse Durkan. "Os impactos sobre as empresas e os residentes e a comunidade agora são demasiados". Ela disse, porém, que mobilizações e protestos pacíficos durante o dia continuarão sendo permitidos.

Segundo a Associated Press, Durkan não entrou em detalhes sobre como conduziria essa desocupação, nem falou quando os policiais retornarão à delegacia, mas disse que "etapas adicionais" seriam estudadas se as pessoas não desocuparem voluntariamente. Dezenas estão acampadas na "zona livre de policiais". No fim de semana, o presidente Donald Trump as chamou de anarquistas.

Não se sabe se os tiroteios que ocorreram no fim de semana tem alguma ligação com os protestos ou se pessoas mal intencionadas estão se aproveitando da ausência da polícia para praticar crimes. Carmen Best, chefe da polícia de Seattle, disse, de acordo com a AP, que alguns outros crimes, incluindo estupro, incêndio criminoso e roubo, foram relatados na zona de protesto ou nas proximidades.

Relatos da comunidade também mostram os efeitos da ausência das forças de segurança no Capitol Hill. Jeff Wolcott, diretor executivo de uma organização que oferece almoço gratuito a pessoas vulneráveis, contou ao Seattle Times que teve que parar com as atividades no bairro depois que um dos moradores de rua atendido pelo programa teve uma convulsão e que o serviço de emergência se negou a atender a ocorrência a não ser que eles levassem o homem para fora da área bloqueada pelos manifestantes. Wolcott contou também que o número de pessoas que procuravam o serviço de alimentação gratuita começou a cair após a instalação da "Chop".

A polícia informou que continua atendendo aos chamados em Capitol Hill, mas disse que é impedida de entrar na área pelos manifestantes. Ao responder ao tiroteio na madrugada de sábado, os policiais relataram que foram barrados pelo que descreveram como uma "multidão violenta".

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