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Pessoas se reúnem em memorial improvisado em homenagem a George Floyd, morto sob custódia da polícia em Minneapolis, EUA
Pessoas se reúnem em memorial improvisado em homenagem a George Floyd, morto sob custódia da polícia em Minneapolis, EUA| Foto: CHANDAN KHANNA / AFP

A morte de George Floyd promete despertar um movimento de mudança em relação à segurança pública nos Estados Unidos. A cidade de Minneapolis, onde ele foi assassinado, já deu o primeiro passo nesse sentido.

Um acordo firmado nesta sexta-feira (5) entre a Câmara Municipal e o Departamento de Direitos Humanos do estado de Minnesota, mas que ainda precisa de aprovação de um juiz, proibirá a polícia local de usar manobras de estrangulamento e pressão no pescoço durante abordagem, como a usada pelo policial Chauvin contra Floyd. Policiais que observarem um colega usando de força desproporcional deverão interferir e relatar o caso imediatamente.

Se forem aprovadas, as novas regras também buscarão impor mais responsabilidade no controle de multidões, exigindo ordem do chefe de polícia para uso de armas como gás lacrimogêneo e balas de borracha, e mais transparência em decisões disciplinares.

"Negros, indígenas e comunidades de cor sofreram dores e trauma geracional como resultado de racismo sistêmico e institucional e problemas de longa data no policiamento", diz o projeto provisório. "Esse dano contínuo foi mais uma vez destacado pela morte sob custódia de George Floyd. As partes concordam que muitos esforços anteriores não resolveram os problemas históricos no policiamento nessa comunidade".

Desde 2000, no estado de Minnesota, nove pessoas morreram como resultado de algum tipo de restrição física por parte da polícia. Cinco dessas mortes ocorreram na jurisdição do Departamento de Polícia de Minneapolis. Segundo levantamento do Star Tribune com base em dados da polícia, incidentes com uso de força policial têm aumentado em Minneapolis nos últimos três anos.

O prefeito de Minneapolis, Jacob Frey, também é um os signatários do acordo. "Este é um momento no qual podemos mudar totalmente a maneira como nosso departamento de polícia opera", disse Frey, segundo o Star Tribune. "Podemos literalmente liderar o caminho em nosso país, promulgando mais reformas policiais do que qualquer outra cidade em todo o país, e não podemos falhar".

Mas vários membros da Câmara de Minneapolis querem dar um passo além. Nesta semana alguns disseram que era preciso repensar a segurança pública como um todo. "Vamos desmantelar o Departamento de Polícia de Minneapolis e substituí-lo por um novo modelo transformador de segurança pública", afirmou Lisa Bender, presidente da Câmara, que disse que apoiaria um departamento orientado para prevenção da violência e serviços comunitários, colocando, por exemplo, médicos e assistentes sociais para responder a chamadas que no momento são respondidas pela polícia. Esse debate, porém, ainda deve demorar para acontecer porque requer a participação da comunidade.

Protestos em Minneapolis

As manifestações foram desencadeadas pela morte de George Floyd, um americano negro de 46 anos morto depois que um policial branco, Derek Chauvin, pressionou seu pescoço com o joelho por mais de oito minutos, no dia 25 de maio. Floyd foi abordado pela polícia por ser suspeito de tentar usar uma nota falsa de US$ 20.

Chauvin foi preso, quatro dias após o caso, e será julgado por assassinato em segundo grau. Outros três policiais que participaram da ação também foram presos após mais de uma semana de protestos, na terça-feira (3). Eles são acusados de facilitar o assassinato e aguardam julgamento.

Os protestos se espalharam rapidamente para outras cidades dos Estados Unidos e até de outros países, mesmo com medidas de distanciamento social em vigor para conter os contágios do novo coronavírus. As pessoas têm ido às ruas para pedir justiça e denunciar mais um caso de violência policial contra negros nos EUA. Houve casos de protestos violentos, saques e tumultos em várias cidades.

Os protestos continuaram em Minneapolis na sexta-feira (6). Mais de mil pessoas se reuniram no centro de St. Paul, vizinha à Minneapolis, em frente ao escritório do procurador-geral enquanto ativistas pediam por uma revisão de casos de violência policial e familiares de vítimas relataram suas histórias, noticiou o jornal local Star Tribune.

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