Após se encontrar com o ex-presidente Bill Clinton, o líder norte-coreano Kim Jong-il concedeu um "perdão especial" para as duas jornalistas dos Estados Unidos que estavam presas no país, segundo a agência oficial do país, KCNA.
"Kim Jong-il assinou uma ordem ao diretor da Comissão de Defesa Nacional garantindo um perdão especial para as duas jornalistas americanas que haviam sido condenadas a trabalhos forçados de acordo com o artigo 103 da Constituição Socialista, e ordenando que sejam soltas", disse a declaração da KCNA.
Mais cedo, o ex-presidente dos Estados Unidos Bill Clinton se encontrou com as duas jornalistas detidas. Segundo a rede de TV ABC, há grandes chances de as duas jornalistas, Laura Ling e Euna Lee, voltarem aos Estados Unidos já na quarta-feira (5).
As duas mulheres foram presas em 17 de março quando tinham acabado de entrar - ilegalmente - no território norte-coreano. Elas foram condenadas em junho a 12 anos de trabalhos forçados.
Em sua viagem à Coreia do Norte, o ex-presidente americano Bill Clinton foi recebido pelo líder Kim Jong-il, noticiaram as agências de notícias, citando fontes sul-coreanas. A rádio Pyongyang e a estação central de televisão norte-coreana anunciaram o encontro, de acordo com a agência de notícias sul-coreana Yonhap.
Agências de notícias haviam divulgado que Clinton levava uma mensagem de Obama, mas o porta-voz da casa Branca Robert Gibbs desmentiu o fato. Alguns analistas dizem que a visita, que autoridades dos EUA insistem tratar-se de uma iniciativa particular, poderá marcar o retorno desse isolado país às conversações sobre armas nucleares. A Casa Branca também pareceu minimizar especulações sobre um possível avanço nas relações entre os dois países ao caracterizar a viagem de Clinton como privada.
A foto divulgada é uma comprovação de imagem recente do líder norte-coreano, que é constantemente alvo de especulação da mídia ocidental a respeito de sua saúde. Bill Clinton viajou ao país com o objetivo de conseguir a libertação das jornalistas condenadas pelo regime a doze anos de trabalhos forçados. Ele é a mais importante personalidade dos Estados Unidos a visitar o regime comunista desde 2000, durante sua última presidência (1997-2001), quando a ex-secretária de Estado, Madeleine Albright, viajou ao país.
A coreano-americana Euna Lee e a sino-americana Laura Ling, que trabalham para o canal de TV californiano Current TV, foram detidas em 17 de março por ter cometido, segundo Pyongyang, "atos hostis" e entrado ilegalmente em território norte-coreano. O tribunal encarregado as condenou a 12 anos de reeducação pelo trabalho.
Segundo especialistas, o regime norte-coreano quer usar as duas jornalistas como um meio para pressionar Washington e convencer o governo de Barack Obama a iniciar conversações diretas. O ex-presidente foi recebido pelo vice-presidente da Assembleia Popular Suprema, Yang Hyong Sop, e pelo vice-ministro das Relações Exteriores, Kim Kye-Gwan, informou a agência estatal norte-coreana.
A viagem de Clinton acontece após meses de provocações militares por parte da empobrecida Coreia do Norte, que virou as costas para as negociações com potências regionais, incluindo os EUA e a China, e decidiu manter seus planos de construir um arsenal atômico.