Apesar de ter dito que gostaria de permanecer "escondido do mundo" após sua renúncia, o papa emérito Bento XVI nunca foi esquecido pelo Vaticano e nem por seu sucessor, o papa Francisco, e esteve bastante presente neste primeiro ano de convivência.
Após o abalo inicial que sua renúncia provocou, a pergunta que veio à tona em 28 de fevereiro de 2013, quando Bento XVI voou de helicóptero em direção a sua retirada em Castel Gandolfo, foi como seria a convivência entre dois papas no Vaticano.
Celestino V, que também renunciou em 1294, foi confinado no castelo de Fumone, situado nos arredores de Roma, por conta do temor de que alguém pudesse reconhecê-lo como pontífice. Já Joseph Ratzinger, que recebeu o título de papa emérito, vive em uma tranquila residência nos jardins vaticanos, se transformou em uma grande referência para muitos, inclusive, para seu sucessor.
"Parecia-me absolutamente claro que não havia nenhum motivo para temor", disse o porta-voz vaticano, Federico Lombardi, em relação às incertezas desta situação. A prova disso foi a presença de Bento XVI na Praça São Pedro no último dia 22, quando 19 novos cardeais foram empossadas e os dois pontífices se encontraram e se abraçaram publicamente.
Bento XVI também quebrou o silêncio após um ano aposentado para garantir em carta enviada ao jornal La Stampa que "são absurdas as especulações" sobre as pressões e conspirações em torno de sua renúncia. Na carta publicada na última quarta-feira, o papa emérito também afirmou "que não existe diarquia alguma" na Igreja.
O papa emérito respondeu assim ao vaticanista do jornal La Stampa, Andrea Tornielli, que tinha enviado algumas perguntas sobre as razões que o teriam levado a renunciar. "A única condição da validade é a plena liberdade da decisão. As especulações sobre a invalidez da renúncia são simplesmente absurdas", escreveu o papa alemão.