O canal de televisão venezuelano Globovisión demitiu anteontem o apresentador Kico Bautista um dia após seu último programa dar espaço a Henrique Capriles, ex-candidato de oposição à Presidência do país.
A demissão ocorre semanas após a venda do canal, que era uma das últimas emissoras que faziam oposição ao chavismo e ao atual presidente Nicolás Maduro. A notícia causou a indignação de Capriles, que acusou a tevê de não querer emitir mais seus discursos.
A demissão foi informada pela jornalista Ybéyise Pacheco no Twitter ela é casada com Bautista. Ela relacionou a saída do marido ao que chamou de "censura contra Henrique Capriles". Um dia antes, o programa de Bautista apresentou um discurso de Capriles em Barquisimeto, no oeste venezuelano.
A atividade de Capriles foi a primeira a não ser transmitida ao vivo pela Globovisión, que costumava acompanhar todas as atividades do ex-candidato. Em mensagens no Twitter, ele acusou a emissora de rejeitar aparições dele ao vivo.
Citando funcionários da emissora, o opositor afirmou que a intenção da nova direção é aliar-se ao governo. "O país precisa saber dessas coisas, não podemos ser uma sociedade de cúmplices."
Ele também acusou o sócio majoritário da emissora, Raúl Gorrín, de ter enriquecido de forma ilícita, e que a venda da emissora foi uma operação feita por chavistas para diminuir a liberdade de imprensa.
Venda
Último canal privado de oposição do país, a Globovisión foi vendida no último dia 13 por Guillermo Zuloaga a Raúl Gorrín e outros acionistas minoritários. A venda causou dúvidas sobre a nova linha editorial da emissora.
Na última quinta-feira também foi demitido o deputado opositor Ismael García, que participava de um programa do canal. Dissidente do chavismo, o parlamentar divulgou um áudio de um jornalista aliado ao governo com um espião cubano sobre um suposto golpe contra Nicolás Maduro.
A saída de García foi confirmada na sexta pela Globovisión, que até ontem não havia se pronunciado sobre a demissão de Bautista.