Paris - A disputa entre o governo da França e os trabalhadores e estudantes em torno da reforma da previdência agora só tem um palco: as ruas. A Assembleia Nacional aprovou ontem, por 336 votos a favor e 233 contra, o texto da nova lei, encerrando os debates sobre o tema no Parlamento. A partir de agora, só as jornadas de greve, como a programada para hoje, podem impedir que o presidente Nicolas Sarkozy promulgue o texto que eleva a idade mínima de aposentadoria de 60 para 62 anos algo a que ele parece totalmente propenso.
A principal crítica da oposição diz respeito ao fato de que a reforma, baseada no aumento da idade de aposentadoria, não equaciona o problema a longo prazo.
Pelos cálculos de Marisol Touraine, deputada do Partido Socialista (PS), o buraco das contas da previdência volta a se aprofundar em 2018, e já em 2013 seria necessário reabrir as negociações para uma nova reforma.
Em comunicado distribuído logo após a votação, a secretária-geral do PS, Martine Aubry, fez um pronunciamento forte contra o presidente, prometendo a vingança nas urnas. "Eu digo ao presidente: não se ganha contra os franceses", afirmou, apelando a Sarkozy para que não promulgue a lei. "O PS pede ao chefe de Estado que não promulgue esta lei e abra negociações para enfim propor à França a reforma justa, eficaz e sustentável que nós esperamos."
Em resposta, o ministro do Trabalho, Eric Woerth, descartou qualquer recuo, definindo a hipótese como uma "negação da democracia".