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Diplomacia

Aproximação terá preço, diz analista

Curitiba – No embaraçado jogo político do Oriente Médio, a retomada diplomática entre Iraque e Síria levanta uma série de questões sobre os interesses de cada lado e de seus aliados. Tanto Síria quanto Irã são considerados pelos norte-americanos os dois grandes exportadores de insurgentes para o Iraque e, portanto, fundamentais para que os EUA consigam retirar suas tropas do Golfo Pérsico num ambiente menos violento.

Enquanto o imbróglio do programa nuclear iraniano não permite uma aproximação entre os aiatolás e os americanos, a administração de George W. Bush incita o governo do Iraque a reatar relações com a Síria de Bashar Al-Assad.

Em troca de um comprometimento Sírio com o Iraque, Al-Assad vai barganhar maior influência sobre a política libanesa, acreditam especialistas. "É bom não esquecer que a Síria é aquele país que mantinha tropas no Líbano até há pouco ", diz o professor titular de Relações Internacionais da UnB, Argemiro Procópio.

Israel, que deve ser o grande "perdedor" com a aproximação do governo iraquiano (e americano) com Al-Assad, culpa a Síria e o Irã pelo fortalecimento do Hezbollah no Líbano. "A Síria vai querer ter a certeza de que não vai ser bombardeada por Israel, numa possível extensão do conflito na região", afirma Procópio.

Para o professor de Relações Internacionais das Faculdades Integradas Rio Branco (SP), Gilberto Sarfati, o ato de ontem "não pode ser superestimado." "Na verdade, (o reatamento) acontece numa situação de fragilidade dos EUA e especialmente do Iraque. Mas a partir desta aproximação, os EUA vão poder chamar para a Síria a responsabilidade de atentados terroristas no Iraque", diz Sarfati.

Se os EUA realmente tiveram um papel tão significativo no acordo dos dois países árabes, a atitude demonstra uma mudança importante na política externa de Bush. "Isso mostra o interesse dos EUA com a paz no Iraque, porque eles sempre consideraram a Síria uma carta fora do baralho, e agora o jogo mudou. A Síria volta a ter voz. Os EUA estão reconhecendo que a Síria é um ator importante no contexto da região", afirma Procópio.

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