O presidente de Ruanda, Paul Kagame, obteve um segundo mandato, conforme resultados parciais divulgados na terça-feira, que lhe dão 93 por cento dos votos.
Observadores dizem que a eleição de segunda-feira foi marcada por intimidações à oposição, mas analistas dizem que os bons resultados econômicos obtidos por Kagame nos últimos dez anos contribuem com sua ampla votação.
Partidários de Kagame se reuniram num estádio de Kigali e passaram a noite celebrando. Eles vibraram quando o telão mostrou os resultados oficiais de 11 dos 30 distritos, segundo os quais Kagame obteve 1.610.422 dos 1.734.671 votos.
"É realmente uma coroação do sr. Kagame. Eu não acho que deveríamos chamar isso de uma eleição genuína", disse Muzong Kodi, analista de África da entidade Chatham House.
"Não é a maneira em que o pleito foi organizado. Os resultados eleitorais são decididos meses antes da votação, pelo modo como a oposição foi tratada, pela forma como a dissidência foi reprimida", afirmou.
Kagame foi eleito pela primeira vez em 2003, mas já controlava o país desde 1994, quando seu Exército rebelde chegou ao poder e acabou com o genocídio étnico de mais de 800 mil tutsis e hutus moderados. A eleição de segunda-feira foi a segunda no país desde o genocídio.
O presidente foi à festa da vitória, no estádio Amahoro - onde milhares de tutsis se refugiaram durante o genocídio -, e agradeceu aos seguidores e dançou com familiares.
Apesar de ser um país sem saída para o mar e pobre em recursos, Ruanda é uma estrela em ascensão entre doadores e investidores, e Kagame é tratado com um líder visionário e um ícone africano.
Embora vizinhos e doadores devam ficar satisfeitos com o resultado, alguns analistas disseram que o presidente terá de se empenhar para melhorar sua imagem.
Os três únicos rivais de Kagame na eleição eram politicamente fracos, e todos eram ligados ao partido governista, a Frente Patriótica Ruandesa. Outros três políticos independentes acusaram o governo de tê-los impedido de concorrer. Dois líderes partidários foram presos sob a acusação de incitar ao ódio étnico e promover a ideologia do genocídio.