Um novo estudo mostra pela primeira vez que o aquecimento global já está afetando os padrões de chuva no mundo, trazendo mais precipitação para o norte da Europa, para o Canadá e para o norte da Rússia e menos para regiões da África ao sul do Saara, da Índia e do Sudeste Asiático.

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As mudanças "já podem ter afetado de forma significativa os ecossistemas, a agricultura e a vida humana em regiões que são sensíveis a mudanças na precipitação, como o Sahel [na fronteira sul do Saara]", alerta o artigo científico na edição desta semana da revista britânica "Nature".

Há tempos os cientistas dizem que o aquecimento global deve interferir com os padrões de chuva e neve, porque as temperaturas do ar e do mar, bem como a pressão atmosférica no nível do mar - forças que estão por trás dos padrões de precipitação - já estão mudando.

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Contudo, até agora, a evidência de que as mudanças de precipitação já estavam ocorrendo existia apenas de forma anedótica ou em modelos de computador. Um dos obstáculos para os cientistas era a falta de dados precisos e de longo prazo sobre a chuva ao redor do mundo, de forma a permitir que eles eliminassem a chance de mudanças simplesmente regionais ou cíclicas.

Francis Zwiers, pesquisador do órgão de monitoramento ambiental Environment Canada, conseguiu combinar de forma coerente vários conjuntos de dados de forma a contornar esse problema. Eles foram comparados com simulações do clima global ao longo do século 20, e a conclusão é que há um elo claro entre o aquecimento global e as mudanças nos padrões de chuva, com uma "contribuição significativa" das temperaturas mais elevadas.

Segundo o estudo, as regiões temperadas do hemisfério Norte passaram por aumentos de precipitação, enquanto as áreas tropicais do hemisfério Norte ficaram mais secas. Ao mesmo tempo, os trópicos do hemisfério Sul (área na qual se encaixa a quase totalidade do território brasileiro) ficaram mais chuvosos.