“Cidinha” com a filha Isabella, o marido Paulo e os filhos Jonathan ( à esquerda) e Leonardo| Foto: Arquivo pessoal

Logo que cheguei à Suécia, em 2001, com dois meninos, de 13 e 9 anos, fiquei sabendo que a lei que proíbe bater é levada muito a sério. Não se pode nem dizer "fica quieto se não vai apanhar", porque a criança aprende desde o pré que, se o pai ou a mãe cometer alguma violência, eles devem contar isso. E a escola mesma denuncia. Tem até crianças que ligam para a polícia sozinhas.

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Quando ocorre, a escola chama os pais e conversa. Já vi na televisão um caso em que tiraram a criança da família, mas o pai tinha algum problema com o álcool.

Então precisei entrar no sistema da conversa. O que eles recomendam é que, mesmo que você precise falar a mesma coisa mil vezes, deve conversar até a criança obedecer. E deu certo. Hoje meus filhos têm 22 e 18 anos e não acho que tenham tido "falta de surra". Eu me arrependo é de ter batido no Brasil, quando ficava nervosa. Vejo que não precisava disso, o mais importante é o diálogo, mesmo quando pequenos.

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O que eu podia fazer era tirar o computador, colocar de castigo, tirar a mesada da semana.

Com minha filha de um ano e seis meses, eu não posso dar surra de cinta, chinelo, tapa, nada. Minha cunhada ficou brava outro dia porque eu disse brincando "mamãe vai dar tapa na bunda". Ficou preocupada: "Você sabe que aqui não pode, né?"

Daqui a um ano, poderei colocá-la ela num cantinho e dizer "pense no que você fez e só sai quando pedir desculpa". Tenho amigas aqui que fazem isso. Se a criança se levantar dali 50 vezes, colocam de volta 50 vezes. Aqui conversam como se a criança fosse adulta.

Soube do projeto de lei no Brasil e fiquei feliz, porque cansei de ver coisas horríveis. Não acho que a falta de apanhar leve à delinquência. Ao contrário, ela a previne.