| Foto: Marco Zeppetella/AFP

A tristeza percorre o povoado italiano de Accumoli, devastado nesta quarta-feira (24) pelo terremoto que atingiu o coração da Itália: seus habitantes esperam em silêncio que um ruído, um grito, um sinal, sirva para resgatar com vida amigos e parentes.

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“Aqui se ouvem apenas os gatos”, confessou à AFP Guido Bordo, de 69 anos, enquanto espera notícias sobre sua irmã, soterrada pelos escombros.“Não dá sinais de vida”, afirma desolado.

Angustiado, Bordo deposita todas as suas esperanças na escavadeira, porque até agora cavou com as mãos, sem luvas ou pás, para retirar a montanha de escombros, as pedras, vigas e pedaços de janelas que se acumulam diante da residência de sua irmã.

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“Eu não estava, mas assim que o terremoto foi registrado corri até aqui. Conseguiram tirar os filhos da minha irmã, que agora estão no hospital. Mas ela e seu marido não aparecem”, contou.

Bordo e seu irmão Domenico, junto com outras 30 pessoas, esperam por informações em um espaço organizado nos arredores do povoado.

Sua irmã e seu marido estavam passando férias nesta região e estão na lista de desaparecidos, enquanto os corpos de outras cinco pessoas já foram retirados. Pouco depois do meio-dia, quase nove horas depois do primeiro tremor, registrado de madrugada, as gruas e escavadeiras do exército ainda não haviam chegado ao povoado, situado a 800 metros de altura.

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Um helicóptero voava continuamente pela região, enquanto uma ambulância descarregava duas macas perto de uma casa desabada. Uma dezena de bombeiros vasculhava os escombros com pás antes da chegada de funcionários especializados, com cães farejadores, barracas e cozinhas para organizar a primeira noite das vítimas desabrigadas.

Sem muitas esperanças

A desolação invade toda a localidade, pedaços de persianas se misturam com cestos de flores, fragmentos de concreto com pedaços de cobertores, restos de móveis com sapatos destruídos.Duas mulheres soluçavam e se abraçavam diante de uma casa desabada.

Na praça principal, equipes dos bombeiros utilizavam dois cachorros com a esperança de encontrar alguém com vida.Um dos cães farejadores parou repentinamente e voltou a um ponto em particular: ali a escavação deveria começar.

No entanto, Daniela Romanato, bombeira que participa da operação de resgate, não tem muitas esperanças.

“Os cachorros foram treinados para buscar e indicam o local onde as pessoas estão presas. Mas, como não latiu, é muito provável que a pessoa esteja morta”, explicou. “Estamos enviando um cachorro menor para ver se consegue entrar até o local onde está a pessoa presa, mas é pouco provável que haja um sobrevivente aqui”, acrescentou.

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O vento levanta a poeira, as crianças usam casacos de inverno com chilenos de verão. Os funcionários começam a instalar colchões e almofadas em um jardim e os trabalhadores da Defesa Civil distribuem lanches e água.

“Assim que soube da notícia telefonei para minha irmã, mais de uma vez, mas não atendeu. Temia o pior, e estava certo. Não vejo como pode ter sobrevivido sob este desabamento”, diz Bordo.

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