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A Arábia Saudita está perto de ser integrada ao Novo Banco de Desenvolvimento (NDB, na sigla em inglês) dos Brics. A entrada do país, de acordo com o jornal The Financial Times, é vista como uma alternativa para fortalecer a instituição, uma vez que a Rússia, um dos principais membros dos Brics, vem sofrendo os impactos de sanções impostas pela invasão da Ucrânia. “A Arábia Saudita tem uma grande importância no Oriente Médio, e estamos atualmente engajados em um diálogo qualificado com eles”, informou o NDB em nota.
Paga o governo russo, o Banco dos Brics é um instrumento que deve aliviar o impacto das sanções ocidentais e uma forma de se afastar das vendas de petróleo atreladas ao dólar. Em visita à China, o primeiro-ministro russo Mikhail Mishustin reforçou que “um dos principais objetivos do banco” é a defesa contra “sanções ilegítimas do Ocidente Coletivo”.
As negociações estão ocorrendo em paralelo com o início do trabalho, por parte do NDB, de avaliação formal das opções de financiamento do banco. Esses ativos vem sendo alvo de questionamentos desde o início da guerra. Ao mesmo tempo, é um meio para que os sauditas, maiores exportadores de petróleo bruto do mundo, estreitarem as relações com a China. O presidente chinês, Xi Jinping, celebrou o início de uma “nova era” nos laços entre os países quando visitou o Riad no final do ano passado, e Pequim colaborou em um acordo entre Arábia Saudita e Irã para a retomada das relações diplomáticas, em março passado.
Os árabes ainda não aparecem no site oficial do banco como potenciais membros do NDB, posto ocupado atualmente pelo Uruguai. A se confirmar o ingresso, a Arábia Saudita se somará aos países fundadores – Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul – e a Bangladesh, Emirados Árabes Unidos e Egito, membros recentemente admitidos no banco. A instituição é comandada pela ex-presidente Dilma Rousseff, cuja nomeação – estritamente política – não raro é vista como “um prêmio de consolação a despeito da ignorância e da incompetência”.