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Imagem mostra muçulmanos sauditas nos arredores da Grande Mesquita | HMS/mro/MAHMUD HAMS
Imagem mostra muçulmanos sauditas nos arredores da Grande Mesquita| Foto: HMS/mro/MAHMUD HAMS

A ascensão do Estado Islâmico (EI) levantou questionamentos do Ocidente sobre o papel considerado insuficiente da Arábia Saudita na luta contra o grupo extremista.

Longe de serem dois inimigos, segundo críticos, o reino do Golfo e os jihadistas estariam entrelaçados por sua teologia. O wahhabismo praticado pelos sauditas — que usa uma interpretação conservadora do islamismo sunita — se aproximaria à distorção radical do Islã alimentada pelo EI, argumentam.

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Escândalos de direitos humanos na Arábia Saudita (incluindo casos de decapitações e crucificações) têm impulsionado a polêmica. Num artigo publicado no jornal “New York Times”, o escritor argelino Kamel Daoud afirmou que o EI tem uma mãe: a invasão do Iraque. “Mas também tem um pai: Arábia Saudita e seu complexo religioso-industrial.”

As autoridades sauditas rechaçaram as acusações. Aparentemente, o EI e o reino estão em lados opostos: enquanto a Arábia Saudita integra a coalizão liderada pelos EUA que combate o grupo, jihadistas acreditam que o país é administrado por apóstatas e realizaram quatro atentados contra mesquitas sauditas em 2014. Em outra frente, o reino destinou quantias consideráveis de recursos para projetos de combate ao terror e ao extremismo.

Retirada do combate

Um dos principais aliados do Ocidente na região, a Arábia Saudita tem um dos maiores orçamentos militares do mundo, e suas Forças Armadas se destacam na região. Evidenciando o inicial engajamento da família real na luta, o país integrou a coalizão liderada pelos EUA contra o EI no ano passado.

Alguns analistas, no entanto, acreditam que a disposição do reino e de outras potências do Golfo no combate acabou. Divergências sobre o plano de ação podem ter contribuído para a retirada, além do envolvimento da Arábia Saudita no conflito do Iêmen e o foco na luta sectária contra o Irã, a potência x[iita regional.

Proximidade teológica

Apesar de se verem como inimigos, é notável os pontos que se cruzam entre as suas concepções teológicas. De acordo com o “New York Times”, quando o EI iniciou o fechamento de escolas nos territórios capturados, o grupo imprimiu cópias de livros didáticos estatais sauditas.

Outros especialistas chamaram atenção para o fato de que algumas das punições mais notórias do Estado Islâmico — morte por apedrejamento por adultério, por exemplo — também ocorre frequentemente na Arábia Saudita.

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As autoridades sauditas fizeram tentativas de frear imãs e pregadores com uma versão mais extrema do Islã. Mas a influência dos clérigos wahhabistas poderia impedir uma reforma mais significativa.

Fundos para o terror

Uma teoria de longa data sustenta que o reino saudita fornecia fundos para o EI — alguns vão além e dizem que o país criou o grupo extremista. A hipótese, no entanto, não foi confirmada. O que se sabe é que um número considerável de sauditas tem feito doações para o grupo, apesar das tentativas de bloqueio dos fundos pelo Estado saudita.

Outro fator que preocupa é o elevado número de sauditas que viajaram à Síria para se juntar ao EI (2.500 ao todo), tornando o país uma das principais fontes de recrutas estrangeiros para a organização.

Apoio a refugiados

Na Europa e nos EUA, há uma onda de críticas contra a Arábia Saudita e outros países do Golfo por sua aparente recusa em receber refugiados que fogem da guerra na Síria e da violência do EI. O reino rebateu as críticas, dizendo que tinha oferecido residência a cerca de 2,5 milhões de sírios e doado US$ 90 milhões à agência de refugiados da ONU em 2015.

Parte da confusão parece se basear no fato de que o país e seus vizinhos não são signatários da Convenção das Nações Unidas para os Refugiados. Especialistas dizem que o país não lhes concedeu direitos garantidos pelo estatuto de refugiados.

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