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Príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman, em reunião com o presidente dos EUA, Donald Trump | Jabin Botsford/The Washington Post
Príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman, em reunião com o presidente dos EUA, Donald Trump| Foto: Jabin Botsford/The Washington Post

A Arábia Saudita transferiu na última terça-feira (16)  para contas do governo dos EUA US$ 100 milhões (R$ 369 milhões) — dia em que o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeu, desembarcou no reino árabe para tratar do acaso do desaparecimento do jornalista saudita Jamal Khashoggi, informaram os jornais The New York Times e Washington Post.

O dinheiro havia sido prometido por Riad ao governo de Donald Trump como contribuição aos esforços americanos de estabilizar áreas da Síria liberadas do Estado Islâmico. 

A transferência é uma vitória para Trump, que sempre reclama de quanto o país gasta no exterior e exige de aliados contribuições. Mas o timing da transferência levantou questionamentos mesmo de burocratas cujos programas vão se beneficiar dos fundos, segundo o Times.

"Esse timing não é coincidência", disse ao Times uma fonte envolvida nas políticas para a Síria. 

Khashoggi desapareceu no dia 2 de outubro durante uma visita ao consulado saudita em Istambul, na Turquia, onde foi retirar documentos para poder se casar.

Relatos da mídia turca com base em gravações de áudio indicam que o jornalista foi torturado, morto e esquartejado logo após entrar no edifício. 

A Turquia acusa Riad pelo crimes, mas as autoridades sauditas negam. 

Após conversar com o príncipe saudita Mohammed bin Salman (MBS), na segunda-feira (15), Trump sugeriu que "matadores de aluguel" poderiam ter matado o jornalista. Depois, questionou a imprensa por estar culpando antecipadamente o regime saudita pelo ocorrido. 

O que diz a Casa Branca

Brett McGurk, enviado do Departamento de Estado para a coalizão que luta contra o Estado Islâmico, negou que a transferência de fundos esteja ligada ao caso, dizendo que o dinheiro havia sido prometido em agosto. 

Leia também: Jamal Khashoggi: O que o mundo árabe mais precisa é de liberdade de expressão

"Essa transferência específica de fundos estava em processo há muito tempo e não tem nada a ver com outros eventos ou com a visita do secretário", afirmou, segundo o Times. 

Uma monarquia rica em petróleo, a Arábia Saudita sempre confiou em sua liberalidade financeira para persuadir parceiros a darem apoio a seus objetivos de política externa. Segundo o Post, diplomatas ocidentais suspeitam que o reino também compensará a Turquia por sua disposição em lançar uma investigação conjunta sobre o desaparecimento de Khashoggi —como um perdão de dívidas.

"Em toda probabilidade, os sauditas querem que Trump saiba que essa cooperação em acobertar o caso Khashoggi é importante para o monarca saudita", disse Joshua Landis, da University de Oklahoma, ao Post. "Muitas das suas promessas financeiras aos EUA seriam contingenciadas por essa cooperação". 

A Embaixada da Arábia Saudita em Washington não respondeu a pedidos de comentários.

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