Cerca de 35 milhões de argentinos começaram a ir às urnas na manhã deste domingo (22) para definir o novo presidente do país em meio a uma grave crise econômica e a desconfiança de quem dos concorrentes pode tirar o país de uma inflação que já passa de 130% em 12 meses e do amplo derretimento do peso argentino.
As eleições vão até às 18h para decidir o sucessor do atual presidente, Alberto Fernández, na Casa Rosada. Segundo a agência oficial de notícias do país, as primeiras horas de votação correram sem ocorrências.
Para ganhar no primeiro turno, o candidato precisa ter pelo menos 45% dos votos, ou 40% e uma vantagem de, ao menos, 10 pontos sobre o segundo colocado.
O próprio momento de votação já é visto com dúvidas pelos argentinos, que correram para os supermercados nos últimos dias para estocar comida com medo de que os preços disparem ainda mais na segunda (23) após o resultado da votação.
Por um lado, se espera que a eleição vá para o segundo turno, em 19 de novembro, mas, por outro, que o pleito se encerre ainda neste domingo (22) – o candidato governista Sergio Massa está tecnicamente empatado com Javier Milei, com 29,9% a 29,1% das intenções de voto segundo a CB Consultoria.
Sérgio Massa é o atual ministro da Economia da Argentina, que tentou justificar a crise que se aprofundou neste último ano a uma “transição” para um plano econômico melhor. Recentemente, ele introduziu o programa “La Platita”, que congelou a desvalorização do peso até 15 de novembro, isentou o imposto de renda de trabalhadores que ganham menos de 2 milhões de pesos e implementou uma política de subsídios – contribuiu para um aumento de 8,5% no consumo em setembro
Já Milei prega uma mudança completa na economia argentina, com a adoção do dólar, o fim do Banco Central, a redução do tamanho do Estado e, o que mais preocupa os países vizinhos – entre eles o Brasil –: a saída do Mercosul.
Por outro lado, Patricia Bullrich corre quase por fora com 21,8% das intenções de voto, e busca levar o partido do ex-presidente Mauricio Macri de volta ao poder após a derrota em 2019. Com um discurso anti-kirchnerista, a ex-ministra da Segurança, acompanhada por Luis Petri, do partido mendocino, visa fortalecer a coalizão opositora, que já garantiu o controle de 10 governos a partir de dezembro.
Além de buscar votos para chegar ao segundo turno, Bullrich precisa manter os 11 pontos conquistados nas primárias pelo chefe do governo da Cidade de Buenos Aires, Horacio Rodríguez Larreta, que já se apresentou como seu eventual chefe de gabinete.
Outras duas fórmulas, a de Myriam Bregman e Nicolás del Caño do Frente de Esquerda, e a de Juan Schiaretti e Florencio Randazzo de Hacemos por Nuestro País (HUxNP), completam a oferta eleitoral, buscando superar os 5 pontos obtidos nas primárias. Os trotskistas conquistaram 2,61% dos votos, e o governador cessante de Córdoba, 3,71%.
Um fator chave nestas eleições é a participação popular, que atingiu o mínimo histórico nas primárias, com 69%. Em agosto, 10 milhões de eleitores a menos votaram do que os 35 milhões habilitados no cadastro. A expectativa é que haja uma maior participação, como é comum na transição das primárias para as eleições gerais.
As eleições também impactarão a composição do Congresso, com um terço do Senado e metade da Câmara dos Deputados sendo renovados. A escolha também inclui 19 parlamentares do Mercosul (Parlasur) a nível nacional e 1 por cada jurisdição.
Estas eleições representam um novo momento político na Argentina, sem a influência que Cristina Kirchner e Mauricio Macri exerceram nos últimos 15 anos. O legado da vice-presidente se divide entre Axel Kicillof, governador da província de Buenos Aires, e seu filho Máximo Kirchner, que busca uma vaga na Câmara dos Deputados.
O fundador do PRO, Mauricio Macri, também influenciou na escolha de Patricia Bullrich e de seu primo Jorge Macri na Cidade de Buenos Aires.
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