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Iniciativa de Lula

No G20, Argentina adere à Aliança contra a Fome e Pobreza com “ressalvas”

Presidente da Argentina, Javier Milei, participa da Cúpula de líderes globais do G20, no Rio de Janeiro (Foto: EFE/ Sebastiao Moreira)

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A Argentina, representada pelo presidente Javier Milei na reunião de líderes da Cúpula do G20, se juntou de última hora a mais de 80 países que aderiram à Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, de iniciativa do presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva.

A cúpula de chefes de Estado e de governo começou nesta segunda-feira (18), no Rio de Janeiro, com o lançamento do acordo. Todos os membros do G20 aderiram à aliança, apesar da Argentina inicialmente ter indicado que não se uniria à proposta.

Segundo o jornal Estado de São Paulo, o Itamary confirmou que o país governado por Milei não constava na lista inicialmente divulgada pelo governo brasileiro, no entanto aderiu de última hora à assinatura do documento.

Apesar de integrar o acordo do G20, a Argentina apresentou ressalvas aos objetivos propostos na Aliança, como sua rejeição a compromissos que envolvem igualdade de gênero. Uma cópia do documento obtido pelo jornal Folha de São Paulo mostrou que a Argentina fez observações nesse sentido, demonstrando que não estaria de acordo com as metas apresentadas na iniciativa de Lula.

No pronunciamento oficial, Buenos Aires destacou que a Agenda 2030 da ONU, que foi invocada no documento de criação da Aliança, é um conjunto de metas juridicamente não vinculativas que cada nação tem o direito de interpretar e perseguir livremente. Milei já indicou em outros eventos internacionais que não adere aos objetivos apresentados pelas Nações Unidas no referido acordo.

"A tentativa de usar esta agenda multilateral como um instrumento para promover políticas específicas entra em tensão com a liberdade das nações, com os direitos individuais de seus membros e até mesmo com a própria agenda, que deve ser entendida de uma forma que respeite as políticas e prioridades nacionais”, disse a Argentina.

Segundo o jornal O Globo, dias antes da cúpula, funcionários do governo argentino já haviam sinalizado a representantes do governo Lula que as propostas do petista - entre elas a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza - ultrapassavam “linhas vermelhas” que a Argentina não podia atravessar.

Um representante do governo argentino explicou que a mudança de posição ocorreu, mas Buenos Aires seguirá com "princípios próprios e fundamentos sobre macroeconomia estável, condições de investimento e geração de emprego”.

Além dos membros do G20, entre os fundadores deste novo mecanismo estão nove instituições financeiras internacionais, como o Banco Mundial e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), e 31 organizações filantrópicas, como as fundações Rockefeller e Bill & Melinda Gates.

A Aliança prevê que cada país beneficiário elabore seu próprio plano e defina suas metas de combate à fome e à pobreza, e que os outros parceiros, as organizações internacionais e os bancos multilaterais ajudem a alcançá-las, tanto financeiramente quanto fornecendo experiência, tecnologia e conhecimento.

A cúpula no Rio de Janeiro conta com a participação de 55 delegações e terminará nesta terça-feira (19). Além dos projetos contra a fome e a pobreza, os líderes mundiais discutirão no Rio a transição energética e a agenda de mudança climática em uma sessão programada para esta segunda-feira, e as reformas da governança global na sessão desta terça-feira.

Milei e Lula tem cumprimento "frio" no G20

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o seu homólogo argentino, Javier Milei, apertaram as mãos pela primeira vez em público no âmbito da cúpula de líderes do G20, nesta segunda-feira.

Com o semblante sério, Lula recebeu Milei, um dos últimos convidados a chegar no evento, que acontece no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, onde os chefes de Estado e de governo das maiores economias do mundo se reunirão até esta terça-feira.

Milei desceu do carro oficial carregando algumas pastas azuis, caminhou alguns metros por um tapete vermelho enquanto conversava com o encarregado do protocolo e subiu uma rampa para encontrar Lula junto com sua irmã e braço-direito Karina Milei, que detém o cargo de secretário-geral da presidência do governo argentino.

Lula o recebeu acompanhado de sua esposa, Janja. Os dois presidentes apertaram as mãos sem efusividade e mantendo certa distância. Em seguida, os quatro posaram para a foto oficial e imediatamente Lula bateu palmas e indicou o caminho que Milei deveria seguir.

Esta é a primeira imagem dos dois governantes lado a lado. Ambos já haviam estado presentes na reunião do G7 realizada na Itália em junho, mas não foram vistos juntos.

A relação política entre os dois é complexa, em parte devido às suas profundas diferenças ideológicas, mas também contribuíram para esse distanciamento declarações proferidas por Milei contra Lula, a quem chegou a descrever como “ladrão”, “corrupto” e “comunista”.

Lula declarou há alguns meses que ainda aguarda um pedido de desculpas do seu homólogo argentino pelas “bobagens” que disse sobre ele. Soma-se a isso o fato de que Milei mantém uma relação estreita com o ex-presidente Jair Bolsonaro.

De fato, a última vez que Milei pisou em território brasileiro desde que assumiu o poder, há quase um ano, foi para participar de uma reunião da direita latino-americana que aconteceu em julho na cidade de Balneário Camboriú.

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