Ouça este conteúdo
A Argentina adiou para 31 de julho os vencimentos de capital deste mês com o Fundo Monetário Internacional (FMI), mas confirmou o pagamento dos cupons correspondentes aos títulos soberanos em poder de credores privados, em um contexto de escassez de divisas.
“As autoridades exerceram seu direito como membro de agrupar três recompras [pagamentos de principal] com vencimento em julho e pagá-las no final do mês [ou seja, 31 de julho]”, disse à Agência EFE um porta-voz do FMI.
Assim como fez em junho, o governo argentino decidiu adiar os pagamentos ao FMI até o fim do mês, um dos quais venceria nesta sexta-feira (7), totalizando cerca de US$ 2,6 bilhões.
A mesma estratégia foi aplicada no pagamento de US$ 2,7 bilhões no último dia do mês passado, quando por fim pagou com seus próprios recursos - uma combinação de direitos especiais de saque (SDRs) e yuanes.
O adiamento dos pagamentos ocorre porque não foi finalizada da aprovação das metas trimestrais que dão ao governo argentino direito a receber parcelas de outro pacote de ajuda concedido pelo FMI e que lhe permite pagar vencimentos pendentes com a própria instituição.
A Argentina continua renegociando com o FMI o programa de ajuda que assinou em 2022 para refinanciar a dívida de US$ 45 bilhões contraída com a instituição em 2018. Segundo o ministro da Economia, Sergio Massa, esse programa cobriria os vencimentos correspondentes ao segundo semestre deste ano.
Parte da equipe econômica deveria viajar nesta semana a Washington, onde fica a sede do FMI, para avançar nas discussões, mas hoje isso é incerto.
Os desequilíbrios fiscais e a escassez de dólares da Argentina, exacerbados por uma seca severa que teve um grande impacto no setor agrícola, dificultaram o cumprimento das metas para o primeiro e segundo trimestres deste ano.
Em um contexto de reservas internacionais líquidas negativas, o secretário da Fazenda, Eduardo Setti, confirmou em sua conta no Twitter que a Argentina pagará os quase US$ 1,05 bilhão de cupons de títulos soberanos, tanto de acordo com a legislação estrangeira quanto local.
“De acordo com o calendário habitual, realizaremos pagamentos de cupons de títulos denominados e pagáveis em moeda estrangeira”, anunciou Setti na segunda-feira.