A Argentina acusa o exército dos Estados Unidos de tentar enviar clandestinamente armas, equipamentos de espionagem e até mesmo medicamentos vencidos a seu território, com a desculpa de promover um treinamento de segurança de rotina. Em Washington, o Departamento de Estado dos EUA declarou-se "perturbado" com a forma como a Argentina lidou com a situação e exigiu a devolução da carga.
Autoridades argentinas divulgaram nesta segunda-feira (14) a apreensão de quase mil metros cúbicos de equipamentos não declarados a bordo de um avião da Força Aérea norte-americana que chegou ao país sul-americano na última quinta-feira. Segundo as autoridades argentinas, a carga inclui metralhadoras, munições, remédios vencidos e equipamentos de espionagem.
Segundo uma fonte na chancelaria norte-americana, o avião transportava material para um curso de treinamento a ser ministrado pelas Forças Especiais dos EUA à Polícia Federal da Argentina. Os agentes norte-americanos, prosseguiu a fonte, viajavam a convite das autoridades argentinas e a carga teria sido declarada.
"A lei argentina tem de ser cumprida por todos, sem exceção", disse hoje o ministro das Relações Exteriores da Argentina, Hector Timerman, a Arturo Valenzuela, subsecretário de Estado dos EUA para o Hemisfério Ocidental. Timerman fez a declaração quando Valenzuela telefonou a ele para se queixar da forma como as autoridades argentinas haviam lidado com a carga, informou a chancelaria argentina.
O chanceler argentino disse ainda que Buenos Aires apresentaria um protesto formal contra Washington e exigiria uma investigação conjunta sobre o incidente.
De acordo com a chancelaria argentina, o material apreendido no avião militar norte-americano inclui "equipamentos para interceptação de comunicações, dispositivos de GPS sofisticados, elementos tecnológicos com códigos secretos e um contêiner de medicamentos vencidos".
"Estamos perturbados com a maneira com que isso foi conduzido", declarou a jornalistas Philip Crowley, porta-voz do Departamento de Estado dos EUA. "Nós pedimos ao governo argentino que devolva nossos equipamentos." As informações são da Associated Press e da Dow Jones.