Ativistas da Coalizão pela Liberdade da Nicarágua fazem protesto contra Ortega em frente à sede da Organização dos Estados Americanos (OEA), em Washington (Estados Unidos), em 15 de junho de 2021| Foto: Lenin Nolly/Agência EFE/Gazeta do Povo
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Argentina e México se disseram contra a intervenção em assuntos internos da Nicarágua e não apoiaram a resolução debatida nesta terça-feira (15) no Conselho Permanente da Organização dos Estados Americanos (OEA), apesar de terem demonstrado preocupação depois que líderes de oposição foram presos no país da América Central.

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"Não concordamos com aqueles países que, longe de apoiar o desenvolvimento normal das instituições democráticas, colocam de lado o princípio da não-intervenção nos assuntos internos, tão caro à nossa história", declaram os governos argentino e mexicano em um comunicado conjunto emitida pelo Ministério das Relações Exteriores do país sul-americano.

México e Argentina também expressaram seu desacordo com a tentativa de algumas nações de, segundo eles, imporem diretrizes e atrapalhar o desenvolvimento dos processos eleitorais da Nicarágua.

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"Nesse contexto, não nos foi possível apoiar o projeto de resolução apresentado hoje para consideração no Conselho Permanente da Organização dos Estados Americanos (OEA)", destacou a nota oficial.

Resolução da OEA

O Conselho Permanente da OEA abordou a situação da Nicarágua em sessão especial nesta terça-feira, depois que o secretário-geral da organização, Luis Almagro, pediu a aplicação da Carta Democrática Interamericana devido à repressão da oposição.

Com 26 votos a favor, três contra e cinco abstenções, o órgão aprovou a resolução "A Situação na Nicarágua", que, entre outros pontos, "condena inequivocamente a prisão, o assédio e as restrições arbitrárias impostas aos candidatos presidenciais, partidos políticos e meios de comunicação independentes". O documento também pede a libertação imediata dos candidatos presidenciais e de todos os presos políticos.

Porém, segundo o comunicado de Argentina e México, "é imperativo que a OEA retorne ao espírito construtivo de sua Carta". "Apreciamos os esforços de negociação de alguns Estados-membros e fazemos um novo chamado para restabelecer o diálogo interamericano", destacaram os dois países.

A Bolívia, comandada pelo esquerdista Luis Arce, votou contra a resolução, enquanto Argentina e México se abstiveram de votar.

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Prisão de líderes opositores

Os governos de Andrés Manuel López Obrador e de Alberto Fernández garantiram estar comprometidos com "o respeito e a promoção dos direitos humanos a partir de uma concepção integral na qual os direitos civis, políticos e eleitorais estejam contidos", além do "valor inalienável da igualdade e dos direitos econômicos e sociais".

"Isso nos leva a expressar preocupação com o que vem acontecendo na Nicarágua, especialmente a detenção de figuras políticas da oposição, cuja revisão contribuiria para que o processo eleitoral nicaraguense recebesse o devido reconhecimento e acompanhamento internacional. Temos testemunhado, em vários países da região, casos inadmissíveis de perseguição política. Rejeitamos esta conduta", frisaram.

Resposta da Nicarágua

O embaixador da Nicarágua na OEA, Luis Alvarado, qualificou a resolução como "inadmissível, de nulidade absoluta e sem qualquer efeito vinculante para o governo da Nicarágua".

Nesta segunda-feira, o gabinete de Daniel Ortega defendeu as prisões de vários líderes da oposição, incluindo quatro pré-candidatos à Presidência e dois ex-guerrilheiros históricos. O governo nicaraguense também exigiu a não interferência de qualquer autoridade estrangeira em seus assuntos interno.

O país centro-americano terá eleições presidenciais em novembro, e Ortega, que está no poder desde 2007, tentará se reeleger mais uma vez.

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