O governo da Argentina foi obrigado a cancelar a primeira reunião do Conselho de Economia e Finanças da União de Nações Sul-Americanas (Unasul), que estava prevista para amanhã. A decisão foi tomada em razão do cancelamento dos voos dos dois aeroportos de Buenos Aires, Ezeiza e Aeroparque, provocado pela nuvem de cinzas do vulcão chileno Puyehue, em erupção desde sábado. As cinzas vulcânicas prejudicam a visibilidade e colocam em risco a segurança das aeronaves.
Os ministros começariam a desembarcar na capital portenha no final da tarde para um jantar à noite, no Palácio San Martin. Além do ministro de Fazenda do Brasil, Guido Mantega, estavam sendo esperados os ministros do Equador, Katiuska King Mantilla; do Paraguai, Dionisio Borda; e da Venezuela, Jorge Giordani. Também estariam presentes a secretária-geral da Unasul, María Emma Mejía; o presidente da Corporação Andina de Fomento (CAF), Enrique García; e a secretária-executiva da Cepal, Alícia Bárcena.
O ministro de Economia da Argentina, Amado Boudou, planejava propor aos colegas da Unasul a assinatura da "Declaração de Buenos Aires". Entre outras medidas, este documento incluiria a elaboração de um mecanismo para evitar o dólar como moeda de comércio regional, a formação de um fundo que possa ser usado diante de ataques especulativos dos mercados e o relançamento do Banco do Sul para atender às necessidades de financiamento de infraestrutura e desenvolvimento dos Estados. Segundo o secretário de Política Econômica, Roberto Feletti, "nem o Banco Mundial (Bird) nem o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) estão comprometidos com estas necessidades".
A proposta seria apresentada aos ministros mas, com o cancelamento da reunião do conselho, o documento servirá para discussão apenas entre os técnicos dos ministérios, que já se encontram reunidos na capital portenha desde esta manhã, na décima reunião do Grupo de Trabalho de Integração Financeira da Unasul. Esse encontro seria preparatório para a reunião ministerial.
Pelo Brasil, participa das discussões o secretário de Assuntos Internacionais do Ministério da Fazenda, Carlos Cozendey. "Lamentavelmente, as delegações estão com problemas para chegar a Buenos Aires e teremos de deixar as reuniões preparatórias e do conselho para uma data ainda a ser coordenada com todos os governos", explicou à Agência Estado a assessoria de imprensa de Feletti.