O governo da Argentina voltou a criar polêmica em torno da reivindicação de soberania sobre as Ilhas Malvinas, politizando a participação argentina nos Jogos Olímpicos de Londres. Na noite de quarta-feira (2), no horário nobre da televisão, o governo lançou um anúncio publicitário de dois minutos de duração, filmado nas ilhas.
As imagens mostram o atleta Fernando Zylberberg, capitão da seleção argentina de hockey, treinando em diferentes pontos considerados cartões postais das Malvinas, chamadas de Falklands pelos britânticos, e termina com o slogan: "Para competir em solo inglês, treinamos em solo argentino". O governo de Malvinas considerou a propaganda "um desrespeito" e o atleta protagonista afirmou que só foi informado que o anúncio era do governo um dia antes de ele ser veiculado.
"Soube que ia ser um produto da Presidência no dia anterior ao que foi ao ar", disse Zylberberg em entrevista a uma rádio portenha, na qual reconheceu não saber quem o pagou. Zylberberg detalhou que foi fazer um trabalho, como atleta, "para uma produtora que tinha a intenção de transmitir a mensagem de treinar no terreno argentino para competir no terreno inglês".
A peça publicitária foi realizada pela agência Young & Rubicam. "Não sei quem me pagou. Um conhecido me contatou para este projeto e até ontem não sabia muitas coisas sobre o assunto", argumentou. Ele relatou que as filmagens foram feitas em segredo durante uma semana, às 6 da manhã, para evitar problemas com os habitantes das ilhas.
"Aproveitamos a maratona do dia 18 passado, disputada nas ilhas entre ex-combatentes argentinos e ingleses, para fazer as imagens", contou o atleta de 34 anos.
Para o governo das Ilhas Malvinas, a propaganda foi uma decepção e um desrespeito. "Ficamos muito decepcionados nesta manhã ao ver a propaganda da Presidência da Argentina que tenta politizar os Jogos Olímpicos a serviço de suas ambições territoriais", disparou o parlamentar Ian Hansen da Assembleia Legislativa das Malvinas. Ele ressaltou que o vídeo foi filmado sem o conhecimento das autoridades das ilhas.
"É muito triste ver o senhor Zylberberg subindo no memorial de guerra, especialmente neste aniversário. Tristemente, isso ilustra a falta de respeito que as autoridades argentinas têm por nossa casa e nosso povo", acusou.