A equipe do ministro da Economia, Sergio Massa, tem buscado alternativas para tentar amenizar a desvalorização do peso argentino e a inflação, que atinge grande parte da população| Foto: EFE/Alejandro Prieto
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O governo da Argentina anunciou nesta quarta-feira (14) que o fisco vai devolver aos contribuintes o que eles pagarem em imposto sobre valor agregado (IVA), mais uma medida que tenta amenizar o golpe no bolso provocado pela alta inflação no país, que chegou a 12,4% no mês de agosto.

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"Criamos um programa de reembolso do IVA para 21% do total da cesta básica de produtos na Argentina", disse o ministro da Economia e candidato à presidência da Argentina, Sergio Massa, em uma entrevista à imprensa argentina.

O reembolso será automático para compras com cartão de débito e beneficiará cerca de 9 milhões de trabalhadores com salário mensal de até 708 mil pesos (cerca de R$ 10 mil na taxa oficial de câmbio) e 2,3 milhões de trabalhadores autônomos. O benefício já estava em vigor para os 7 milhões de aposentados da Argentina.

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O reembolso mensal máximo, segundo o anúncio dessa quarta-feira, será de 18.800 pesos (R$ 265, na cotação atual).

Massa disse que é preciso trabalhar no "ritmo de recuperação da renda na Argentina", não apenas "no próximo trimestre, mas nos próximos quatro anos".

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O ministro afirmou ainda que o governo entende a ação como a mais progressista que pode ser tomada em matéria fiscal e "fazem o esforço baseado na renúncia a outras despesas do Estado, e na utilização de recursos extraordinários resultantes da incorporação de um novo imposto, que é o que o país tributa na arrecadação de recursos do Estado”, disse.

A nova medida econômica foi anunciada poucas horas depois da divulgação do índice oficial de inflação para agosto, que foi de 12,4% em comparação com julho e 124,4% em relação ao ano anterior.

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Ao jornal La Nación, o ministro atribuiu a culpa do alto índice ao Fundo Monetário Internacional (FMI), com quem o país renegociou sua dívida recentemente. "Temos dito que agosto foi um dos piores meses do processo econômico argentino dos últimos 30 anos, produto de uma imposição do FMI", afirmou.

A nova ação econômica foi acrescentada a um conjunto de outras medidas anunciadas no último mês, que inclui a concessão de abonos fiscais a pequenas e médias empresas e o pagamento de bônus extraordinários destinados a aposentados e trabalhadores.

Os "benefícios" são de até 400 mil pesos (aproximadamente R$ 5.600) para serem devolvidos em 24, 36 e 48 meses com uma taxa fixa.

Ao jornal argentino Clarín, o especialista em economia da Escola de Negócios da Universidade Austral, Martín Calveira, afirmou que “não há expectativa de queda da inflação nos próximos meses, nos quais são projetados impulsos ainda maiores na medida em que a política fiscal continua com viés expansionista".

Segundo o pesquisador, os números negativos persistirão como consequência da busca do governo em obter um melhor resultado nas eleições de outubro, que serão disputadas por Massa. "Isso se traduz em uma política fiscal expansiva que, combinada com decisões tendenciosas para as eleições, terá efeitos negativos”, disse.

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Eleições de outubro

As recentes pesquisas de opinião feitas na Argentina indicam uma derrota do atual ministro da Economia nas urnas.

Um dos levantamentos realizados foi o da consultoria Opinaia, divulgado pelo Clarín, que revela uma vantagem considerável do libertário Javier Milei sobre os demais adversários políticos em um eventual 2º turno. O pleito será enfrentado por Milei, Massa e a ex-ministra argentina, Patricia Bullrich. (Com informações da Agência EFE)

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