A Argentina foi rebaixada em um prestigiado índice global de referência para investidores elaborado pela financeira Morgan Stanley. Após uma revisão anual, a companhia informou que a partir do ano que vem o país não fará mais parte do índice de mercados emergentes – onde estão Brasil, Chile, China, México, entre outros – e deve figurar em uma categoria de "mercados autônomos", junto com países como Zimbábue, Botsuana, Ucrânia, Jamaica e Panamá.
"Desde setembro de 2019, os investidores institucionais internacionais estão sujeitos à imposição de controles de capital no mercado de ações da Argentina", disse Craig Feldman, chefe global de Pesquisa de Gestão de Índices e membro do Comitê de Política de Índices MSCI (Morgan Stanley Capital Index). "A severidade prolongada dos controles de capital sem resolução não está de acordo com os critérios de acessibilidade de mercado do Índice de Mercados Emergentes do MSCI. Isso levou à reclassificação do Índice MSCI da Argentina de Mercados Emergentes para Mercados Autônomos".
Os efeitos do rebaixamento apareceram já na manhã desta sexta-feira, quando as ações de empresas argentinas começaram a cair. A YPF, por exemplo, que é listada em Wall Street, operava com uma queda de 9,2% no começo do dia. Especialistas também apontam que, a partir da decisão, as empresas argentinas podem ter mais dificuldades em conseguir financiamento.
"Mercados autônomos são mercados com muitos problemas regulatórios e/ou políticos e muito pouco atraentes para o investidor internacional. Isso está em linha com as medidas e discursos antimercado do governo", disse Maximiliano Suárez, analista do Grupo Bull Market, ao jornal argentino Cronista. Desde 2019 a Argentina vem endurecendo as medidas de controle de capital para tentar evitar saída de dólares do país. O MSCI vinha alertando o governo argentino que o país seria rebaixado caso não houvesse uma mudança nestas políticas econômicas.