Os casos de Covid-19 explodiram na Argentina. Nesta terça-feira (13), segundo dados do Ministério da Saúde, foram registradas 27 mil infecções por coronavírus no país, o número mais alto desde o começo da pandemia. A média diária dos últimos sete dias é de 21,5 mil diagnósticos positivos e há um total de 257 mil casos ativos da doença no país, que já começam a pressionar alguns hospitais na cidade de Buenos Aires, região mais afetada. Esse aumento também está tendo reflexo na quantidade de mortes pela Covid-19, que de fevereiro a começo de abril vinha se mantendo estável. Na terça-feira, 217 pacientes faleceram. Nas últimas duas semanas, os óbitos aumentaram cerca de 40% em comparação com as duas semanas anteriores, segundo dados do Our World in Data. Ainda assim, os números atuais não chegam perto das cerca de 400 mortes diárias por Covid em outubro passado.
Na semana passada, o governo do presidente Alberto Fernández anunciou uma série de medidas restritivas a serem adotadas em regiões onde a situação epidemiológica está mais delicada. A principal delas foi o toque de recolher, da 00h às 6h. De acordo com o Ministério da Saúde, essas medidas devem começar a mostrar efeito nos números da pandemia daqui a alguns dias. Mas mesmo assim, há pressão de alguns setores para que ações mais restritivas de circulação sejam impostas. O próprio governo federal está analisando a possibilidade de aplicá-las.
Até agora, Fernández não deu indicativos de que haverá um fechamento mais rigoroso no país, como ocorreu durante um longo período no ano passado. Segundo relatos da imprensa argentina, o presidente quer deixar a decisão para os governadores das províncias, muito provavelmente por receio de perder capital político antes das eleições parlamentares de outubro.
Além disso, a situação econômica do país está pior do que em março passado, portanto, um fechamento total de atividades não essenciais poderia prejudicar ainda mais as finanças do país, que está renegociando o pagamento da dívida com o FMI. Também há dúvidas se medidas mais duras viriam acompanhadas de auxílio emergencial, como ocorreu no ano passado.
Apesar dos casos em ascensão, o governo argentino está analisando também o comportamento de outros dados para definir sua estratégia de enfrentamento à doença nesta segunda onda. Alguns hospitais da capital estão lotados, mas no país, a taxa de ocupação de unidades de terapia intensiva é de 62,4%, e de 70,8% na região metropolitana de Buenos Aires.
Vacinação
Diante da escassez de vacinas, no fim de março, o Ministério da Saúde da Argentina, após acordo com os governadores, decidiu retardar a aplicação da segunda dose das vacinas contra Covid-19 em uso no país, estabelecendo um intervalo de três meses entre as inoculações. Isso explica por que, desde então, o número de argentinos completamente imunizados não tem avançado no mesmo ritmo de outros países da região, como o Brasil e Colômbia. Até agora, apenas 1,6% da população argentina recebeu a segunda dose de uma das vacinas aprovadas no país – Sinopharm, Sputnik V e Covishield (AstraZeneca/Oxford).
Segundo a nova ministra da Saúde, Carla Vizzotti, priorizar a aplicação da primeira dose no maior número de pessoas possível tem como objetivo diminuir a mortalidade. A eficácia da primeira dose das vacinas Sputnik V e AstraZeneca após 12 semanas oscila entre 70% e 80%, segundo estudos clínicos, mas não há dados sobre a vacina da chinesa Sinopharm.
“Com a vacina chinesa não temos informações sobre a eficácia de uma única dose, mas pode ser extrapolada porque ocorre o mesmo. Com todas as vacinas a eficácia da primeira dose é o maior percentual e a segunda dose tem o objetivo de aumentar um pouco a eficácia e prolongar o tempo de proteção. As decisões são tomadas com base em muitos dados que podem ser extrapolados. Não há informações sobre vacinas para todas as perguntas. Mas não tem por que de acontecer que uma vacina tenha essa situação e para a outra não. Não é a primeira vez que as decisões são tomadas a partir de uma situação epidemiológica”, explicou Vizzotti, em entrevista ao canal A24, em março.
Adolfo Rubinstein, ex-Ministro da Saúde durante o governo de Maurício Macri, disse que a decisão sobre as vacinas é pragmática, devido à enorme restrição no fornecimento de vacinas a nível global e no contexto local. "Nesse contexto, não é ilógico acelerar a [aplicação da] primeira dose e espaçar a segunda, além do que dizem os ensaios clínicos. Até agora, as evidências científicas falam de uma eficiência bastante elevada, superior a 70% na primeira aplicação", disse ao jornal La Nación. Contudo, Rubinstein demonstrou preocupação com a falta de dados sobre a vacina da Sinopharm neste contexto.
Outros países, como Reino Unido e Canadá, também adiaram a aplicação da segunda dose das vacinas contra Covid-19, mas a decisão ainda divide especialistas pela falta de dados mais robustos sobre a eficácia da primeira dose.
O governo da Argentina recebeu sete milhões de doses de vacinas contra a Covid-19, dos três fornecedores. No momento, não há previsão de envio de mais lotes de vacinas ao país.
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