O governo da Argentina declarou nesta sexta-feira o grupo islâmico Hamas como uma organização terrorista internacional, de acordo com um comunicado do escritório do presidente do país, Javier Milei. A nova definição para o Hamas na Argentina foi inscrita no Registro Público de Pessoas e Entidades Vinculadas a Atos de Terrorismo e seu Financiamento (Repet).
“O Hamas reivindicou a responsabilidade pelas atrocidades cometidas durante o ataque a Israel em 7 de outubro do ano passado”, diz o comunicado, que também cita “uma extensa história de ataques terroristas” cometidos pelo grupo. A organização atua na Faixa de Gaza e se declara jihadista, nacionalista e islâmica, e tem como objetivo o estabelecimento de um Estado islâmico na região histórica da Palestina. Além disso, considera Israel uma potência ocupante a ser eliminada dos territórios palestinos.
O ataque a civis em Israel em 7 de outubro de 2023 por membros do Hamas infiltrados deixou cerca de 1,2 mil pessoas mortas em solo israelense, e mais de 250 foram sequestradas. O ataque – no qual foi morto o maior número de judeus desde o Holocausto – desencadeou uma guerra na Faixa de Gaza que tem saldo de dezenas de milhares de mortos no enclave palestino. Mais de 100 pessoas ainda são mantidas como reféns na Faixa de Gaza desde 7 de outubro, incluindo duas crianças com menos de 5 anos e cerca de 20 mulheres; outros 43 sequestrados foram confirmados como mortos.
O texto diz que Milei – que, desde que assumiu o cargo, em 10 de dezembro do ano passado, mudou o foco da política externa argentina em direção a Estados Unidos, Israel e ao que define como “mundo livre” – tem um “compromisso inabalável de reconhecer os terroristas pelo que eles são”. O comunicado alega que o governo Milei reiterou sua “convicção de que a Argentina deve voltar a se alinhar com a civilização ocidental, respeitando os direitos individuais e as suas instituições”, razão pela qual considera “inadmissível que aqueles que realizam ataques contra a Argentina não sejam declarados como o que são: terroristas”.
Atentado terrorista em Buenos Aires completa 30 anos na próxima semana
A mudança de classificação do Hamas pela Argentina ocorre poucos dias antes do 30.º aniversário do ataque terrorista ao prédio da Associação Mutual Israelita-Argentina de Judeus (Amia), em Buenos Aires, que matou 85 pessoas e feriu 300 em 18 de julho de 1994. Em 18 de janeiro de 2015, o promotor que investigou o atentado à Amia, Alberto Nisman, foi encontrado morto, poucos dias antes de denunciar a então presidente do país, Cristina Kirchner, por supostamente encobrir suspeitos iranianos que teriam cometido o ataque.
“Nos últimos anos, foi revelado um vínculo com a República Islâmica do Irã, cuja liderança foi considerada responsável pelos ataques contra a Embaixada de Israel em Buenos Aires e contra a Amia pela Câmara de Cassação Criminal em 11 de abril”, acrescenta o comunicado da presidência, recordando que, antes do atentado contra a Amia, a Argentina já havia sido palco de um ataque à embaixada de Israel em 1992.
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