Com um saldo de 523 pessoas detidas e três mortos, a Argentina inicia o fim de semana véspera de Natal sem novos arrastões. Depois de dois dias de tensão e saques em vários estabelecimentos comerciais de cidades do interior e municípios da área metropolitana de Buenos Aires, até o meio-dia deste sábado não havia sinais de novos incidentes. Porém, as autoridades policiais informaram que estão em estado de alerta porque outros episódios não estão descartados.
A onda de saques começou em Bariloche, na quinta-feira (20), quando cerca de 100 pessoas organizadas em diferentes grupos, invadiram supermercados, mini-mercados e outras lojas. As ocorrências mais graves dos últimos dias foram registradas em Rosario, e na zona norte da Grande Buenos Aires. Também houve saques em Cipolletti, Viedma, Comodoro Rivadavia, Trelew, Posadas, Córdoba, Tucumán e várias outras cidades do país. Os saqueadores levaram alimentos e eletrodomésticos.
O secretário de Segurança da Província de Buenos Aires, Ricardo Casal, disse que a polícia está investigando os saqueadores para saber se pertencem a associações de bairros ou outro tipo de agrupamento. Casal também informou que um policial se encontra em estado de coma, vítima de uma paulada na cabeça que provocou uma fratura. Cerca de três mil policiais foram enviados para as áreas de maior risco de conflitos.
O governador da província, Daniel Scioli, ameaçou colocar os saqueadores "um por um" na cadeia. Em entrevista a uma rádio local, neste sábado, Scioli informou que entre os detidos pelos saques, 471 foram de sua província. "Quero paz, tranquilidade e confiança. Vamos cuidar da vida e dos bens das pessoas", disse o governador.
Ele reconheceu que os saques foram organizados, mas evitou fazer qualquer insinuação sobre os possíveis responsáveis. "Há testemunhas" que comprovam que alguns saques na província de Buenos Aires "foram convocados por redes sociais como Facebook e Twitter", observou Scioli.
Na Casa Rosada, no entanto, as acusações apontam o líder dos caminhoneiros e da ala opositora da Central Geral do Trabalho (CGT), Hugo Moyano. O secretário federal de Segurança, Sergio Berni, disse que Moyano e o líder da Central dos Trabalhadores Argentinos (CTA), Pablo Micheti, instigaram os saques. Moyano negou qualquer participação nos incidentes e disse que a presidente Cristina Kirchner "está defasada e superada pelos problemas".
O chefe do gabinete Civil, Juan Manuel Abal Medina disse nesta sexta-feira que "existem políticos e sindicalistas por trás disso". Há menos de um mês, quando Moyano liderou uma greve geral, o mesmo ministro disse que o sindicalista não tinha poder para mobilizar o país. Na última quarta-feira, Moyano e Micheti organizaram um protesto com cerca de 100 mil participantes na Praça de Maio para pedir melhores condições salariais e menos impostos sobre os salários. Na ocasião, Moyano pediu à presidente que "se ocupe da inflação e da insegurança".
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