O governo argentino negou hoje que a Força Aérea do país esteja envolvida no transporte de quase uma tonelada de cocaína para a Espanha. O ministro da Defesa, Arturo Puricelli, lamentou, em declarações à rádio La Red, que a Força Aérea "tenha sido atingida pela triste circunstância" de que os três argentinos detidos na Espanha por transportar a droga em um avião privado sejam familiares de ex-altos chefes militares.
Os suspeitos foram presos no dia 2 de janeiro no aeroporto de El Prat, em Barcelona, e foram identificados como Gustavo e Eduardo Juliá, filhos do falecido ex-chefe da Força Aérea José Julia, e Gastón Miret, filho do brigadeiro José Miret, que foi secretário de planejamento durante a última ditadura (1976-1983). Puricelli afirmou que se for comprovada responsabilidade de membros da Força Aérea no caso, o governo "será severo" na aplicação das punições.
Os 18 oficiais que testemunharam perante o juiz Alejandro Catania estavam sob as ordens do comodoro Jorge Ayerdi, que na última segunda-feira pediu para ser afastado do comando da Base Aérea Militar Morón, onde, suspeita-se, a droga tenha sido embarcada. Ayerdi foi suspenso do cargo após afirmar ao juiz que o setor da base aérea onde esteve estacionado por quase dois meses o avião da empresa argentina Medical Jet não estava sob seu controle, mas sim da Administração Nacional da Aviação Civil (Anac).
Mas a declaração do chefe civil da base, Ricardo Palazón, feita dois dias atrás, isentou de qualquer responsabilidade os membros da Anac. Alguns desses funcionários se apresentaram perante o juiz. No dia 30 de dezembro, o avião saiu da base de Morón para o aeroporto internacional de Ezeiza, nas proximidades da capital de onde partiu para a Espanha. O magistrado espera que a justiça espanhola informe como a droga foi escondida na aeronave. O governo admitiu que existe a possibilidade de a cocaína ter sido embarcada na Argentina e em Cabo Verde, onde a aeronave fez uma escala. As informações são da Associated Press.
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