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Buenos Aires – Viajar da Argentina para o Uruguai, nos próximos dias, seria algo somente possível por via aérea. Se as ameaças proferidas nesta semana forem concretizadas, as tradicionais vias terrestres e fluviais entre os dois países serão totalmente bloqueadas por manifestantes argentinos que protestam contra a instalação de fábricas de celulose na área da fronteira argentino-uruguaia. A principal protagonista dos piquetes na fronteira é a combativa Assembléia Popular de Gualeguaychú, que anunciou que nesta semana ampliará os bloqueios atualmente realizados na ponte Gualeguaychú–Fray Bentos às outras duas pontes restantes entre o Uruguai e a Argentina.

Além disso, os representantes da Assembléia anunciaram que realizarão piquetes no porto de Buenos Aires, de forma a impedir a partida de balsas que levem passageiros argentinos às praias uruguaias, ponto tradicional de férias dos habitantes deste país há quatro décadas.

A idéia é radicalizar os protestos para pressionar o governo do presidente uruguaio Tabaré Vázquez e conseguir a suspensão da construção da fábrica da empresa finlandesa Botnia, no município uruguaio de Fray Bentos, sobre o Rio Uruguai, que divide os dois países. Os habitantes argentinos da fronteira alegam que a fábrica causará um "apocalipse" ambiental e econômico que arruinará a região. Os uruguaios defendem a fábrica, afirmando que ela segue rigorosos padrões ambientalistas e que, portanto, não poluirá. Além disso, afirmam que o investimento da Botnia, de US$ 1,2 bilhão, o maior da história do Uruguai, promete impulsionar a recuperação econômica do país.

O ambientalista Jorge Frixler, um dos líderes da Assembléia, afirmou que os piquetes em Buenos Aires contarão com o apoio de manifestantes portenhos, além dos gualeguaychenses que estarão na capital argentina para realizar o bloqueio ao porto. Os integrantes da Assembléia possuem vasta experiência em piquetes, já que desde janeiro do ano passado, em várias etapas, bloquearam a ponte entre Gualeguaychú e Fray Bentos durante 106 dias.

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