A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, anunciou nesta terça que enviará ao Congresso um projeto de Lei de Propriedade de Terra para restringir a compra de terras por parte de estrangeiros. Cristina esclareceu que a proposta "não significa desalentar os investimentos estrangeiros" e que o texto deverá "ser suficientemente inteligente e cuidadoso, nem xenófobo, nem chauvinista, para que não tenha um viés anti-investimento".
A presidente afirmou que o projeto oficial vai "seguir o modelo brasileiro". Cristina destacou a necessidade de limitar essas operações, já que as terras são bens estratégicos do país e devem ser controladas pelo governo nacional. A Federação Agrária da Argentina (FAA) denunciou, recentemente, que 10% do território nacional (cerca de 270 mil km2) se encontram em mãos de estrangeiros.
Há duas semanas, o ministro da Agricultura, Julián Domínguez, disse que é necessária uma lei que "dê prioridade" na venda de terras aos argentinos. No Congresso, já existem cinco projetos que tratam do assunto. Os preços firmes das commodities agrícolas e a volatilidade dos mercados financeiros internacionais impulsionam os investimentos em terras no país, como uma espécie de refúgio de investidores locais e estrangeiros.
O preço das terras para agricultura e pecuária na Argentina subiu 20,4% em 2010, segundo a Companhia Argentina de Terras (CAT), uma corretora especializada em operações do setor. A cotação do hectare varia entre US$ 15 mil a US$ 20 mil nas melhores regiões, como no chamado "pampa úmido".